Ao contrário a expectativa criada pelo Sindipetróleo de que os preços de bomba para o litro da gasolina e do etanol hidratado poderiam recuar, em razão de uma revisão/correção do próprio mercado, os valores aos consumidores seguem nas alturas. No caso do etanol, cuja majoração prevista pelo governo federal era de R$ 0,02, na prática está mais de R$ 0,60 acima do esperado, ou seja, o preço no varejo foi reajustado 32 vezes maior do que o regulado por Medida Provisória. Em alguns postos, o litro do biocombustível saiu de R$ 3,03 para R$ 3,67, como já noticiado ontem aqui pelo MT Econômico, em Várzea Grande.
O MT Econômico não encontrou em nenhum posto – na rota realizada – com o bicombustível abaixo de R$ 3,60 e o derivado de petróleo no preço ‘antigo’ , ou seja, abaixo de R$ 4,99.
Anteontem, ao explicar as variações assustadoras de preços nos postos de Cuiabá e Várzea Grande, o diretor-executivo do Sindipetróleo, Nelson Soares, disse que os valores foram reajustados “fora da realidade da Medida Provisória e que esperava para ontem uma correção dos próprios agentes de mercado. E isso ainda não ocorreu. Os preços se alinharam em torno de R$ 3,67 para o litro do etanol e em próximo de R$ 5,70 à gasolina.
“Ao anunciar, primeiro a reoneração para depois de publicar a Medida Provisória, o governo federal abriu margem para que os agentes de mercado cometessem erros de interpretação que levaram à formulação de preços que não correspondem com a realidade da MP. Isto está sendo corrigido ao longo do dia (1º). Acreditamos que a partir de amanhã (ontem) tudo esteja regularizado e então poderemos avaliar o real impacto do repasse das distribuidoras para os postos”, afirmou o dirigente do sindicato que representa os donos de postos de combustíveis de todo Estado.
Antes da virada do mês, o governo federal anunciou a retomada da cobrança de tributos sobre os combustíveis, a chamada reoneração, por meio de uma Medida Provisória (MP) que tem validade até o fim de junho. Com a volta da tributação, a gasolina tinha a projeção de subir até R$ 0,34 nas bombas e o etanol, R$ 0,02 com a reoneração parcial dos combustíveis que entrou em vigor no dia 1º, como anunciou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Os valores consideravam a redução de R$ 0,13 para o litro da gasolina e de R$ 0,08 para o litro do diesel anunciados também pela Petrobras.
“O que se vê nos postos até o momento é uma majoração absurda dos preços, especialmente para o etanol. Os postos ignoraram a redução de R$ 0,13 para a gasolina e enfiaram a faca sem dó no preço do etanol”, desabafa o motorista de Aplicativo, Mateus Lima.
Postos de Cuiabá e VG extrapolam reajustes sobre combustíveis e não repassam redução da Petrobras
No mesmo posto em que Mateus estava, o frentista João – como se apresentou – disse que o movimento no local “despencou, após alterar os preços” e disse que o grande movimento se deu quando os motoristas perceberam as alterações e correram para abastecer.
Alguns postos monitorados semanalmente pelo MT Econômico reajustaram o valor de bomba do etanol em pelo menos R$ 0,52. Alguns exemplos do que foi encontrado ontem pela manhã pela reportagem: de R$ 3,18 para R$ 3,67, alta de R$ 0,49, de R$ 3,15 para R$ 3,67, alta de R$ 0,49 e de R$ 3,39 para R$ 3,69, alta de R$ 0,30.
Em um outro estabelecimento, a alta foi de R$ 0,64. Neste posto em especial, na Avenida da FEB, em Várzea Grande, um dos frentistas explicou que os R$ 3,03 eram um preço ‘promocional’ e que “por isso fica a impressão de que a alta foi maior”. Questionado sobre o valor anterior à promoção ele apenas disse que estava abaixo de R$ 3,20.
A alta do etanol nas bombas, pelo menos em Cuiabá e Várzea Grande, interrompeu um movimento de baixa que vinha se espalhando desde a semana do Carnaval, trazendo o valor do biocombustível para cerca de R$ 3,03, R$ 3,05 e R$ 3,07. Ainda que o posto não tenha aderido às ‘promoções’, as altas encontradas nas bombas são inexplicáveis, até porque o próprio setor em Mato Grosso afirma que mesmo com a interrupção da moagem de cana-de-açúcar entre novembro e março – entressafra da cultura – o abastecimento do Estado não vivencia uma entressafra, porque existe o etanol de milho, cuja produção se dá durante todo ano. Mato Grosso é o maior produtor de milho do País e também de etanol de milho.