Nesta terça (24), ocorreu pela manhã, no Hotel Fazenda em Cuiabá, a audiência pública sobre o desenvolvimento do turismo de Mato Grosso. Na ocasião estiveram presentes autoridades, empresários e representantes de entidades indutoras do setor no estado. O evento foi aberto ao público e inúmeros cidadãos compareceram e tiveram a oportunidade de acompanhar o que está sendo feito pelo turismo nas regiões potenciais.
O deputado estadual Wilson Santos presidiu a mesa com os representantes do setor e na abertura logo destacou: “Mato Grosso possui uma vocação ao turismo principalmente pelas suas belezas naturais e riqueza cultural. A mitologia indígena, por exemplo, nada deixa a desejar para a mitologia grega. A nossa história é tão interessante e rica quanto a da Grécia”.
Turismo precisa de investimento integrado
Hoje o Brasil possui cerca de 62% do território de áreas preservadas e neste manancial, existem oportunidades para desenvolver o turismo em diversas regiões. A falta de investimentos no setor é um desafio a ser enfrentado, principalmente porque o turismo não se desenvolve apenas com projetos empresariais específicos. A região com este potencial deve também receber investimentos integrados de outros setores como: infraestrutura, logística de acesso, saúde, capacitação da mão de obra, entre outros. O turista precisa ter uma experiência positiva quando visita o local. Se por exemplo, ele necessitar de um atendimento médico e não houver recursos básicos, provavelmente não voltará mais na região. O mesmo acontece com as vias de acesso. Mato Grosso tem a carência de muitas estradas e pontes para se chegar até regiões turísticas. Embora a atual gestão governamental esteja se preocupando e realizando algumas obras de infraestrutura, ainda há uma trajetória de investimentos a serem realizados.
Turismo pode tirar um país da crise
O deputado federal Fábio Garcia também esteve presente no evento e relatou sua experiência quando residiu na Espanha. “Quando morei lá por três anos e a Espanha foi impactada pela crise européia, foi o turismo que ajudou o país a se recuperar”. Fábio disse ainda, que enxerga Mato Grosso com potencial em agronegócios, mineração e setor energético, porém o turismo é o que mais vai gerar empregos nos próximos anos e será a principal forma de melhorar a distribuição de renda no estado.
É importante observar que nem todo potencial turístico vira um produto turístico, por isso o poder público, trade e representantes de classe precisam se unir para elaborar uma estratégia unificada, com foco no que realmente será investido e “vendido” para outros estados e para o mundo.
O desafio não é “o que” fazer e sim “como fazer”
O Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Mato Grosso Seneri Paludo esteve presente e falou que “o que” precisa ser feito todos sabem, mas é preciso pensar no “como fazer”. Uma das dificuldades é a ausência de um Conselho Estadual do Turismo para interagir constantemente com os agentes indutores, porém Seneri afirma que já está em andamento a criação deste Conselho. Citou também sobre a reformulação do Prodestur – linha de crédito para o turismo – que antes havia muitas distorções na liberação dos recursos e falou que o Governo do Estado já realizou duas grandes ações na atual gestão: a abertura de temporada turística para criar ambiente favorável de negócios e a validação da FIT Pantanal, que é uma feira que tem o potencial para movimentar negócios e lazer para a população.
O representante da Sudeco Cléber Ávila, também fez parte das discussões e disse que existe em torno de R$ 10 milhões no MT Fomento para projetos de turismo.
Organização e melhoria de recursos financeiros
Em primeira mão, Seneri falou que está sendo planejada uma Lei de Instâncias Turísticas, onde a cidade com potencial de turismo se cadastrará no programa para receber incentivos orçamentários e emendas parlamentares para seu desenvolvimento.
A mentalidade do atual governo favorece o desenvolvimento do turismo no estado, pois os eixos estratégicos da gestão de Pedro Taques compõem 5 pilares: agronegócios, turismo, mineração, energia e base florestal.
Entraves no desenvolvimento
O superintendente da Sudeco, Cléber Ávila citou que muitas empresas que precisam de recursos financeiros não possuem garantia real para oferecer nas operações de crédito. Ele sugere a criação de um fundo de aval para os investidores que não possuem imóveis, terrenos ou outros bens para avalizar um empréstimo. A regularização fundiária também é uma questão a ser resolvida, pois isso também dificulta a liberação de créditos ao setor.
Alcimar Moretti, presidente do Sindicato de Eventos de Mato Grosso, lembrou que o turismo no estado não é somente o de natureza, existe também o turismo de negócios que movimenta muito dinheiro através de feiras, congressos e palestras. Cobrou a instalação de um local na capital com capacidade de pelo menos 3.000 pessoas. Hoje o Centro de Eventos Pantanal, que é o maior centro de convenções de Cuiabá, suporta em seu maior auditório, no máximo 1.200 pessoas.
André Turony, empresário do ramo de turismo e um dos pioneiros no desenvolvimento deste setor em Mato Grosso, estava no evento e frisou que deve haver cuidado com a depredação do meio ambiente. O desenvolvimento tem que ser sustentável e com a devida preservação da natureza. André se entitula ambientalista e é defensor das reservas naturais. “Vocês viram o desastre em Mariana-MG, os rios estão poluídos e a cidade também, um dos motivos da tragédia é a falta de cuidado e precaução com o meio ambiente”, disse.
O evento teve continuidade a tarde com reunião entre Secretários Estaduais, Municipais, representantes do setor e empresários. A pauta teria o intuito de aprofundar os assuntos técnicos de desenvolvimento do turismo. Algumas novidades devem surgir em breve.