Os alimentos básicos pesam cada vez mais no bolso dos brasileiros. O leite e seus derivados, como queijos, iogurtes e leite condensado, presentes do café da manhã à sobremesa do jantar, estão em uma escalada de preços que gerou um impacto negativo na inflação de 0,22 ponto percentual.
Somente entre janeiro e julho de 2022, o leite teve alta de 77,84%, segundo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O que quase ninguém sabe é que a inflação dos laticínios está diretamente ligada a problemas no cenário internacional, como a guerra na Ucrânia, por exemplo.
Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, explica que ”a precificação do leite não depende apenas do desejo do estabelecimento em lucrar mais. A alta dos combustíveis e a escassez da oferta de grãos, agravada pelo conflito na Ucrânia, impactam no valor final do alimento”.
Durante o período mais severo de isolamento provocado pela pandemia, em 2021, o brasileiro estava ainda mais habituado a levar leite para casa. O país registrou aumento de 22% no consumo do alimento, segundo a Embrapa. A abundância deu lugar à uma economia forçada. Pesquisa Datafolha revelou que 23% estão substituindo o leite puro integral pelo soro do leite.
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‘’O aumento da demanda por um determinado produto interfere diretamente no seu valor. E essa não é uma realidade exclusiva do Brasil. Problemas internacionais como a crise dos fertilizantes e a escassez de grãos afetam diretamente a alimentação das vacas, o que interfere no custo do leite”, afirma o especialista.
Outro problema é o aumento do valor dos combustíveis. Em maio, o diesel chegou ao teto de R$ 7, maior valor da série histórica da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Desde então, o preço está em baixa, mas ainda impacta negativamente no custo do leite.
As circunstâncias do mercado externo ajudam o consumidor a entender o que pode acontecer com os preços dos produtos e se haverá uma variação nos valores. ‘’Não somente a agricultura, mas todas as esferas de consumo, dependem da importação, dependem dos combustíveis. Manter-se informado sobre esses processos permite compreender que se há choque em alguma parte da produção, mesmo parecendo distante, o consumidor sentirá a diferença nos preços’’, disse o diretor da Efficienza.