O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem (25), a Pesquisa Anual de Comércio – PAC 2022, que desde 1996, fornece um panorama detalhado das características estruturais do segmento empresarial da atividade de comércio no Brasil.
As empresas comerciais de Mato Grosso registraram, em 2022, uma receita bruta de R$ 315 bilhões. Deste total, R$ 21 bilhões foram provenientes do comércio de veículos, peças e motocicletas; R$ 210 bilhões, do comércio por atacado; e R$ 84 bilhões, do comércio varejista. A PAC 2022 revelou ainda, que o salário médio mensal pagos pelas empresas comerciais, em 2022, foi de 2,2 salários mínimos (s.m.), apresentando melhores salários quando comparado ao valor pago pelo comércio da região Centro-Oeste, 1,9 s.m., e acima da média nacional, que foi 2,0 s.m..
“Observando-se a evolução do número de pessoal ocupado em valores absolutos, percebeu-se que a região Centro-Oeste terminou 2022 com 908,5 mil pessoas, o maior valor da série histórica, e foi a região que registrou maior incremento, de 49,2 mil pessoas (5,7%). As grandes alterações estruturais dentro da região Centro-Oeste, onde Goiás perdeu 2,1 p.p entre 2013 e 2022, atingindo 32,8% das receitas da Região, perdendo assim a primeira posição no ranking para Mato Grosso (36,6%), que cresceu 7,0 p.p no mesmo período. O Distrito Federal figurou como a Unidade da Federação de menor contribuição da Região (14,3%), após uma queda de participação de 6,2 p.p., sendo ultrapassado por Mato Grosso do Sul (16,4%)”, pontuam os analistas do IBGE.
Ao analisar as mudanças ocorridas em Mato Grosso entre 2013 e 2022, constatou-se que o estado teve um grande aumento nos três segmentos, alavancando a sétima posição no ranking de relevância da receita bruta de revenda ao longo dos 10 anos, com uma participação de 4,4% do total, subindo 4 posições em relação a 2013.
A PESQUISA – As atividades comerciais são divididas primordialmente em três grandes segmentos, baseados nas divisões da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.02): comércio de veículos, peças e motocicletas; comércio por atacado; e comércio varejista. Essas atividades são detalhadas e desagregadas em 22 agrupamentos de classes com o objetivo de ajudar na análise e comparação dos dados.
A atividade comercial, caracterizada por expressiva heterogeneidade setorial, é um importante termômetro da economia do País, na medida em que tende a repercutir os ciclos das atividades econômicas, particularmente as variações na renda das famílias e nas condições de oferta de crédito. Nesse sentido, os dados obtidos pela pesquisa podem ser empregados na análise, planejamento e implementação de estratégias tanto no setor privado quanto no público.
Para identificar mudanças estruturais, enfatiza-se a comparação entre os resultados de 2013 e 2022, extremos de uma série de 10 anos, sem deixar de se verificar, entretanto, a série iniciada em 2007, com o início da adoção da CNAE 2.0. Por fim, considerando os possíveis impactos econômicos ocorridos durante a pandemia da COVID-19, são realizadas comparações tendo por base o ano de 2019.
Conjuntura Econômica do País e do Setor em 2022
O Brasil emitiu sinais de recuperação econômica gradual da crise causada pela pandemia de covid-19. O PIB cresceu 3% impulsionado pela maior flexibilização das restrições sanitárias. A inflação, no entanto, recrudesceu devido ao aumento dos preços dos combustíveis, alimentos e energia. O Banco Central elevou gradualmente a taxa Selic, chegando a 13,75% ao ano, na tentativa de controlar a inflação. O mercado de trabalho também apresentou sinais de melhora, com a taxa de desemprego caindo para níveis mais baixos em comparação aos picos observados durante a pandemia.
O setor de comércio seguiu a tendência da economia, ajudado pelo aumento do consumo das famílias, que foram beneficiadas pelo fim do isolamento social e pelos auxílios emergenciais.
O comércio eletrônico continuou a se expandir, consolidando as mudanças nos hábitos de consumo que ganharam força durante a pandemia. A inflação e os juros mais elevados foram um desafio para o comércio no ano, que buscou se adaptar à nova conjuntura.
BRASIL – A PAC 2022 revelou que 1,4 milhão de empresas comerciais ocuparam 10,3 milhões de pessoas, que receberam R$ 318,0 bilhões de reais em salários, retiradas e outras remunerações. Esse resultado contemplou 1,6 milhão de unidades locais comerciais no Brasil, que gerou R$ 6,7 trilhões de reais em receita líquida operacional. As quantias monetárias mencionadas no texto estão valoradas a preços correntes de 2022.
Outro indicador essencial para entender a estrutura do mercado de trabalho no comércio é o salário médio, medido em múltiplos do salário-mínimo (s.m. vigente em cada ano). As empresas comerciais pagaram uma média de 2,0 s.m. em 2022 no Brasil. Vale destacar que os salários reais, em relação ao período pré-pandemia, obtiveram um aumento ano a ano. Este valor do salário médio mensal, mensurado em salários-mínimos (s.m.), em 2022, foi o maior da série histórica do comércio. Os três segmentos apresentaram um aumento dos salários pagos a partir de 2020, onde os efeitos da pandemia de covid-19 foram mais intensos.