Foi celebrado na última quinta-feira (04), na Central de Apartamentos Decorados da Plaenge, em homenagem ao aniversário de 305 anos de Cuiabá, um recital de piano, a ‘quatro mãos’, com diversos intérpretes que encantaram o público presente no evento.
O recital foi organizado pela professora do Dunga Rodrigues Conservatório Musical, Dalva Lucia, e contou com o auxílio da diretora Edith Barros Seixas, os alunos do Conservatório e do pianista Walter Asvolisnque, que possui uma carreira vasta na cultura musical e morou nos Estados Unidos durante 20 anos. É um ex-aluno do Conservatório desde a data de sua fundação, em 1969.
O recital contou com coletânea de oito peças, todas a ‘quatro mãos’ (dois instrumentistas dividindo o mesmo piano).
O repertório multicultural contemplou músicas brasileiras, românticas, tangos, temas de filmes, jazz, dentre outros.
Juliana Caram Guimarães, que estava presente no evento, contou um pouco sobre a sua impressão, “sou aluna do Conservatório e achei a apresentação maravilhosa. A dança com o recital foi algo inédito, não tinha visto nada assim ainda. Achei muito legal para comemorar o aniversário de Cuiabá, nada mais típico que a dança cuiabana”, afirmou.
A professora Dalva Lucia, que foi intérprete e também organizadora do evento contou como ocorreu a preparação para a homenagem ao aniversário da capital. “Nós temos alunos que são médicos, engenheiros, professores, e como o recital foi realizado a ‘quatro mãos’, em dupla, o mais difícil foi conseguir conciliar a agenda de todo mundo. Só para se ter uma ideia, nos últimos 4 meses, as manhãs de sábado estavam todas ocupadas para que essa apresentação pudesse ser realizada e no fim, foi tudo muito gratificante. Eu estou feliz da vida”, explicou.
A homenagem também contou com um pout-pourri (quando diversas músicas são executadas em uma única faixa) de rasqueados cuiabanos, música tradicional de Mato Grosso, com participação do casal de dançarinos Cristina Zuita e Vlademir Reis do grupo de Siriri Flor de Atalaia, que é campeão do prêmio Onça Pintada (2021) e do Festival de Joinville (2023).
Marcio Ferreira, gerente comercial do grupo Plaenge, explicou que a noite foi de homenagem ao aniversário de Cuiabá. “Uma cidade que nos recepciona tão bem há tanto tempo. A gente já é cuiabano, temos raízes cuiabanas e poder oferecer uma noite como essa para os nossos convidados, homenageando a cidade é um enorme prazer”, reforçou.
Rogério Fabian, diretor do grupo Plaenge, veio de Campinas para poder prestigiar a homenagem prestada aos 305 anos da capital mato-grossense. “Desde 1983, quando a gente [Plaenge] chegou em solo cuiabano, nós viemos com a intenção de nunca sair da cidade e são mais de 41 anos de história na capital e a gente viu e ajudou a desenvolver Cuiabá ao longo de todos esses anos”, disse.
Fabian também acrescentou, “é com bastante alegria que a gente passa cada aniversário da cidade trazendo eventos que comemorem essa data. Nós temos um espaço bem generoso em frente ao Parque Mãe Bonifácia que nos permite realizar esse tipo de evento”, concluiu.
PEÇAS APRESENTADAS – O primeiro ato apresentado foi “Dança Eslava”, que faz parte de uma série de dezesseis peças orquestrais compostas por Antonín Dvorák, em 1878. Originalmente escritas para piano a ‘quatro mãos’, foram inspiradas nas Danças Húngaras de Johannes Brahms. Vivas e nacionalistas, as peças foram bem recebidas em seu lançamento, mantendo-se como uma das obras mais memoráveis do compositor.
O recital seguiu com “Tico-Tico no Fubá”, um Choro composto por Zequinha de Abreu que ficou imortalizado na voz de Carmen Miranda e, com o tempo, tornou-se uma das canções brasileiras mais conhecidas do mundo. Foi apresentada pela primeira vez em um baile na cidade de Santa Rita do Passa Quatro em 1917, sob o nome de “Tico-Tico no Farelo”.
“La Cumparsita” também foi apresentada. É uma obra musical criada pelo músico uruguaio Gerardo Matos Rodriguez, sendo considerado o tango mais difundido pelo mundo. Está entre as dez músicas mais tocadas junto com “Garota de Ipanema” e outras.
“Oblivion” foi mais um dos atos apresentados e é uma composição instrumental de Astor Piazzolla, de 1982. A peça foi originalmente escrita para bandoneón, piano e baixo. É uma milonga lírica, ritmo musical uruguaio-argentino precursor do tango. A peça evoca nostalgia e tristeza. Sua tradução: esquecimento.
“Escorrendo” também fez parte do repertório. É um tango brasileiro publicado em 1923 e dedicado à bela Orquestra da Brahma, dirigida pelo Maestro Russo. É uma das peças mais famosas de Nazareth, consiste em um verdadeiro estudo de notas repetidas ao piano, especialmente na segunda parte.
“Take Five” foi a transição de ritmo para o Jazz de Paul Desmond. Notória por sua melodia distinta, e pelo uso inusitado do compasso 5/4, de onde se origina o nome da composição.
“Moonlight Serenade”, animou o público com uma balada swing americana composta por Glenn Miller. Foi um fenômeno imediato quando lançado em maio de 1939 com um arranjo instrumental.
“El Choclo” que significa “A Espiga de Milho”, trouxe em sua essência latina uma canção popular escrita por Ângel Villoldo, um músico argentino. Supostamente escrita em homenagem e cujo título deriva do apelido de um amigo e proprietário de uma boate, conhecido como “El Choclo”. É um dos tangos mais populares da Argentina.
O recital com essas brilhantes apresentações ocorreu em homenagem aos 305 anos de Cuiabá, celebrado no dia 8 de abril.
HISTÓRIA DE CUIABÁ – Cuiabá foi fundada no dia 8 de abril de 1719 por Pascoal Moreira Cabral e seus bandeirantes paulistas que à época, estavam em busca de indígenas e ouro.
O crescimento urbano da cidade ganhou maior destaque na segunda metade do século XX e em 2022 Cuiabá possuía 650.912 mil habitantes, segundo dados do último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A população de Cuiabá é formada por descendentes de europeus, indígenas e diversos imigrantes e migrantes que vieram para a cidade a partir da segunda metade do século XX.
Desde a década de 1970, a cidade vem crescendo em ritmo acelerado, devido à migração de pessoas de outros estados. O que ocasionou tanto o aumento populacional quanto o surgimento de novos bairros residenciais, condomínios e empreendimentos verticais.
Esse crescimento contribuiu para o desenvolvimento da cidade, especialmente no aumento de lugares de lazer – como o Parque Tia Nair e o Parque das Águas – e o enriquecimento cultural da cidade.
A cultura cuiabana reúne diversos ritmos, como o rasqueado e o lambadão. Além das danças tradicionais, como o cururu e o siriri, mas estando no Centro-Oeste, também possui forte influência da música sertaneja.
A cidade possui uma culinária rica, além dos diversos peixes, há também a tradicional Maria Isabel, Farofa de Banana, Arroz com Pequi, Carne Seca com Banana e o Escaldado Cuiabano. De sobremesa, há o tradicional Bolo de Arroz, Furrundu e o Bolo de Pixé.
Cuiabá deriva de uma unificação entre cuia (vasilha) e abá (criador), de acordo com a língua de uma das etnias que viviam na região. Mas ainda existem outras explicações também e não há um consenso acerca da origem da denominação do nome, embora todas elas tenham relação com a língua de povos indígenas que aqui habitavam.