O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve aumentar a taxa Selic em mais um ponto percentual em sua próxima reunião, que acontecerá em março. Isso é o que diz a ata da última reunião do grupo, que ajustou a taxa básica de juros para 13,25%. Com isso, a expectativa é que a Selic alcance os 14,25%. Para a educadora financeira, Aline Soaper, o aumento dos juros provoca uma mudança na forma de consumo entre os brasileiros.
“A alta dos juros provoca efeitos em diferentes âmbitos na vida do consumidor brasileiro. Quem está fazendo um financiamento de um imóvel ou de um veículo, perceberá que as parcelas irão ficar mais caras. Já as parcelas dos cartões de créditos terão consequências nos juros de atraso de pagamento e também nos juros de cheque especial, isso porque a decisão feita pelo Copom faz com que instituições bancárias acompanhem o aumento da Selic e repassem esse custo para o público”, explica.
Para Aline, a alteração da intenção de consumo dos brasileiros também é uma das principais consequências da alta dos juros. A compra de itens que não são considerados como essenciais sofrem um grande impacto, já que a maioria do público prioriza comprar e pagar o que é considerado essencial, como alimentos, medicamentos e a quitação de contas de luz, aluguel e gás.
“Muitos brasileiros não conseguem investir em suas poupanças, com isso, não possuem uma reserva para momentos como esse. A falta de organização financeira pode provocar um endividamento, já que esse público pode entrar numa bola de neve ao utilizar créditos para pagar contas e os gastos corriqueiros. Para quem precisa adquirir empréstimos, esse período será desafiador. Em decorrência no custo das linhas de crédito, há o risco de brasileiros ficarem propensos à inadimplência e ao endividamento”, alerta Soaper.
Ainda segundo a especialista em finanças pessoais, o impacto dos juros mais altos também acontece para os empreendedores que buscam expandir o seu negócio, mas que precisam de créditos para realizar esse movimento. Um outro saldo negativo está na baixa compra de bens duráveis, o mais prejudicado por conta do aumento da Selic.
“Já para quem possui certos capitais no mercado poderá ver efeitos positivos, o aumento da Selic beneficia os investimentos de renda fixa, por exemplo, isso porque a remuneração é baseada nos juros. Entre os principais que podem colher frutos dessa alta, estão o Tesouro Selic, LCA, CDB, LCI, e Tesouro IPCA+. Em contrapartida, quem investe na renda variável, como fundos imobiliários, commodities, câmbio e ações terão o efeito de desvalorização”, afirma Aline.
ENTENDENDO A TAXA SELIC – A taxa básica de juros é a principal mecanismo para controlar a inflação, realizado pelo Banco Central (BC). A Selic é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), sendo um modelo de referência para outras taxas da economia.
Realizada pelo Copom, o aumento da taxa Selic tem o objetivo de contar a demanda aquecida. A decisão gera consequências nos preços já que os juros mais altos encarecem o crédito, estimulando a poupança. Dessa maneira, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
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