O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve anunciar logo mais, em Brasília, após a segunda reunião do ano, a nova taxa básica de juros, a Selic. O órgão deve manter o aperto monetário com a Selic em 13,75% ao ano, mesmo com as pressões do governo federal para redução da taxa.
A Selic deve encerrar o ano a 12,75%, de acordo com o Grupo Consultivo Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Os economistas revisaram as projeções para cima pela quarta vez consecutiva (no relatório anterior, divulgado em janeiro, haviam apontado que os juros encerrariam o ano a 12,50%). O início da trajetória de queda da taxa foi postergado: “a expectativa é que aconteça em outubro e não mais em setembro”, frisam os analistas.
A projeção para a inflação foi mantida em relação ao relatório anterior e o indicador deve encerrar o ano em 5,8%. A avaliação dos economistas é de que os resultados recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) indicam desaceleração gradual dos preços, ainda com resiliência do segmento de serviços.
Na avaliação do colegiado, os recentes eventos envolvendo bancos dos Estados Unidos e da Europa não devem desencadear uma crise sistêmica. Parte dos economistas, entretanto, acredita que pode haver impactos na atividade econômica. “O entendimento é que o canal de crédito deve ficar mais seletivo diante de um período de aversão ao risco”, afirma David Beker, vice-coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima.
O grupo revisou para cima a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2023, de 0,20%, indicado no relatório de janeiro, para 0,70%. A estimativa para 2023 também subiu de 0,75% para 0,90%.
Leia também: Haddad anuncia IBS e garante que municípios não perderão receita com novo imposto
Em relação ao câmbio, a expectativa do colegiado é de que o real mantenha trajetória de valorização ao longo do ano. A estimativa para a taxa no fim de 2023 foi reduzida de R$ 5,30 para R$ 5,25. Caso concretizada, corresponderá a uma valorização de 5,9% do real no ano.
EM JANEIRO – Em declaração após a primeira reunião do Copom, em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que os juros altos atrapalham os investimentos e que não existe nenhuma justificativa para que a Selic esteja neste momento nesse patamar. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu maior coordenação entre a política fiscal e a chamada política monetária, a cargo do BC, para conter a inflação.
Embora a taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais alto desde o início de 2017 e os efeitos de um aperto monetário são sentidos na desaceleração da economia.
Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deverá ser mantida em 13,75% ao ano, pela quinta vez seguida. A expectativa do mercado financeiro, entretanto, é que a Selic encerre o ano em 12,75% ao ano.