Os futuros do heating oil têm encontrado pouco espaço para apreciação nas últimas semanas, encerrando o mês de março com perdas de -2,54% (US$ 0,068/gal) em meio ao fim do inverno e a uma recuperação lenta e gradual da demanda por diesel globalmente. O Heating Oil (Óleo de Aquecimento/Óleo Combustível) é um subproduto refinado de petróleo bruto, tornando o seu preço diretamente vinculado aos preços do petróleo.
De acordo com o analista, “a diferença entre os contratos futuros de maio e outubro estão muito próximos de zero, indicando que o mercado não está muito otimista pelo crescimento no consumo de diesel e outros destilados médios nas próximas semanas. De fato, o consumo parece ser o fator chave para destravar um cenário mais altista para heating oil, uma vez que os estoques de destilados médios seguem baixos nos EUA, aproximadamente 6% abaixo da média de 5 anos”, explica Vistor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.
É difícil prever quando o consumo de destilados médios aumentará significativamente, mas alguns sinais começam a surgir e pavimentar um caminho para valorização do heating oil. “Os PMIs de manufatura dos EUA e da China começaram a se recuperar, conforme dados do ISM, superando a marca de 50, o que indica expansão do setor. Além disso, uma política monetária menos restritiva pelo Fed, devido aos cortes nos juros este ano, deverá dar fôlego para o setor, que é bastante intensivo no consumo de diesel e outros derivados do petróleo”, destaca.
A produção de diesel russa está em risco. “Outros riscos estão se acumulando em torno do heating oil, e talvez um dos mais significativos esteja na Rússia. Estimativas da Reuters apontam que aproximadamente 14%, ou cerca de 900 mil barris por dia, foram afetados devido aos ataques de drones ucranianos contra as refinarias do país. As autoridades do Kremlin negam que haverá uma proibição das exportações de diesel do país”, pontua.
Victor pondera, contudo, que “dados mostram uma redução no fluxo de carga saindo dos portos do Báltico e do Mar Negro em mais de 500 mil barris por dia, um dos níveis mais baixos dos últimos 5 meses. Dado esse contexto, podemos traçar dois possíveis cenários para o heating oil nos próximos meses”.
Um cenário neutro, no qual a recuperação do consumo de destilados médios será lenta e gradual, mas com as cotações apoiadas pelos baixos estoques dos EUA e o barril de WTI acima dos US$ 80,00, devido aos prêmios geopolíticos.
Outra possibilidade é um mercado mais apertado do que o previsto, com desafios de suprimento vindos da Rússia em meio a um processo eleitoral na maior economia do mundo, o que traz incertezas sobre se os EUA poderão preencher a lacuna deixada por Moscou no abastecimento mundial.
“Por enquanto, o mercado tem reagido ao primeiro cenário, que é o mais provável, mas os riscos crescentes devido aos danos das refinarias russas não devem ser ignorados e podem refletir nos preços no futuro”, conclui.
Até agora, os preços do heating oil têm refletido fundamentos baixistas devido à baixa demanda com o fim do inverno no hemisfério norte e a recuperação lenta e gradual na atividade de manufatura. Neste sentido, um ambiente de juros menos restritivos deverá ajudar o consumo de destilados médios.
“Contudo, não se pode ignorar que alguns riscos estão crescendo em relação ao suprimento e podem pressionar os preços nas próximas semanas. Os danos à infraestrutura energética da Rússia devido aos ataques dos drones ucranianos deverão ter algum impacto no mercado. Caso ocorra uma proibição às exportações, como aconteceu no ano passado, devemos assistir um cenário mais altista para essa commodity. Ainda, os estoques de destilados médios nos EUA estão bastante baixos, o que dá menos espaço para absorção de um choque de oferta muito brusco”.
O que esperar para o diesel nos próximos meses?
- Os futuros do heating oil terminaram o mês de março em ligeira queda, refletindo a lenta recuperação no consumo de diesel e o fim do inverno no Hemisfério Norte.
- Alguns eventos podem amenizar esse cenário baixista, como a recuperação da atividade manufatureira nas principais regiões do mundo e uma política monetária menos restritiva, com possibilidade de corte de juros pelo Fed em junho.
- Contudo, não se pode ignorar que os ataques de drones ucranianos em refinarias russas estão aumentando os riscos em algum nível de ocorrer um menor abastecimento proveniente dos portos do Mar Negro e do Báltico.
- Os destilados médios são produtos derivados do petróleo e possuem uma das maiores correlações como desempenho industrial dos países. Quando a atividade de manufatura está em expansão, o consumo de diesel tende a aumentar. “Por esse motivo, nos últimos meses temos observado um dos períodos mais desafiadores para o heating oil, contrato futuro de referência para os destilados médios, que registrou modestos ganhos de 2,76% em 2024 (+US$0,07) por galão”, explica Vistor Arduin.
- Apesar dos riscos bastante significativos do lado da oferta, com destaque para os estoques em níveis historicamente baixos nos EUA, totalizando 117 milhões de barris conforme relatório da EIA na semana passada, a falta de demanda tem mantido uma pressão baixista sobre os futuros do heating oil. “O fim do inverno é mais um fator que corrobora para uma visão menos otimista para uma futura apreciação dessa commodity. No entanto, eventos recentes estão trazendo um cenário menos baixista, e nosso relatório se debruçará sobre esses dados”, comenta.