Os dez municípios com os maiores níveis de ocupação estavam em quatro das regiões do país, excetuando-se a Norte. O destaque foi para Fernando de Noronha/PE, que superou o nível de 80%, seguido por Vila Maria/RS (78,4%), Serra Nova Dourada/MT (78,2%), Nova Serrana/MG (77,2%) e Irati/SC (76,6%). Esses e outros dados fazem parte dos resultados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, e apresentam estatísticas inéditas sobre o mercado de trabalho, o rendimento da população e os deslocamentos realizados para trabalho e estudo.
Analisando o recorte territorial municipal de Mato Grosso, os dados revelam que sete municípios do estado apresentaram nível de ocupação maior ou igual a 70%, ou seja, de cada dez pessoas de 14 anos ou mais de idade residentes no município, ao menos sete estavam ocupadas, com destaque para o já mencionado Serra Nova Dourada. Por outro lado, seis municípios possuíam o indicador menor ou igual a 40%, o que significa que, a cada dez pessoas de 14 anos ou mais de idade residentes no município, no máximo quatro estavam ocupadas, sendo as demais declaradas como desocupadas ou fora da força de trabalho no período de referência.
Ainda conforme os dados apresentados pelo IBGE, a diferença entre os sexos no nível de ocupação seguiu evidente em 2022. No Brasil, 62,9% dos homens estavam ocupados, enquanto entre as mulheres esse percentual foi de 44,9%. Em Mato Grosso, essa disparidade também se manteve: 71,4% dos homens estavam ocupados, contra 49,1% das mulheres. Já o recorte por cor ou raça revelou níveis de ocupação semelhantes entre as populações branca, preta, amarela e parda. Por outro lado, a população indígena apresentou os menores percentuais de ocupação, tanto entre os homens quanto entre as mulheres.
Ao analisar o nível de ocupação por grupos de idade em Mato Grosso, observa-se uma tendência de crescimento conforme o avanço da idade, atingindo o pico entre pessoas de 35 a 39 anos, com 76,9% — percentual superior à média nacional para esse grupo etário, que foi de 72,8%. A partir dessa faixa, o indicador passa a cair progressivamente, chegando a 18,1% entre os indivíduos com 65 anos ou mais. Em todas as faixas etárias, os homens apresentaram níveis de ocupação superiores aos das mulheres. No grupo de 35 a 39 anos, por exemplo, 88% dos homens estavam ocupados, enquanto entre as mulheres esse percentual foi de 65,8%.
PESSOAS OCUPADAS – A análise do nível de ocupação por grau de instrução, em 2022, confirmou que as mulheres ocupadas apresentavam, em média, escolaridade mais elevada que os homens, tanto no Brasil quanto em Mato Grosso. No país, 28,9% das mulheres ocupadas tinham ensino superior completo, frente a 17,3% dos homens. Já em Mato Grosso, esse percentual foi de 29,5% para as mulheres e 14,7% para os homens. Por outro lado, a proporção de homens ocupados sem ensino médio completo foi significativamente maior: 43,8% no Brasil e 51% em Mato Grosso, enquanto entre as mulheres os percentuais foram de 29,7% e 31,6%, respectivamente.
Seguindo a tendência observada em nível nacional, em Mato Grosso as mulheres representaram 40,6% do total de pessoas ocupadas em 2022. Apesar dessa participação menor no conjunto geral, elas se destacaram em três grandes grupos ocupacionais: Profissionais das ciências e intelectuais (62,5%), Trabalhadores de apoio administrativo (67,3%) e Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (63,2%), onde superaram os homens em representatividade. Por outro lado, a presença feminina foi bastante reduzida em dois grupos específicos: Operadores de instalações e máquinas e montadores (3,7%) e Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares (6,3%).
POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO – No que concerne à posição na ocupação no trabalho principal, em Mato Grosso, a categoria que mais concentrou pessoal foi a de Empregados (72,3%), sendo que a absorção na parcela feminina (77,5%) foi maior que na masculina (68,7%). Por outro lado, as participações nas categorias de trabalhador por conta própria e empregador no contingente masculino foram mais elevadas que no feminino, enquanto na categoria Trabalhador não remunerado em ajuda a morador do domicílio ou parente ocorreu o inverso. Somadas, as categorias Empregador e Trabalhadores por conta própria representaram 31,0%, para os homens, e 21,6%, para as mulheres.
RENDIMENTO DO TRABALHO – O rendimento do trabalho constitui um dos principais indicadores objetivos da qualidade da inserção dos indivíduos no mercado de trabalho, ainda que não seja o único determinante. Destacando-se as pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas em Mato Grosso, verificou-se na distribuição pelos rendimentos de todos os trabalhos que a faixa com a maior concentração foi a de mais de 1 a 2 salários mínimos (35,3%), seguida daquela que continham mais de 2 a 3 salários mínimos, com 20,1%.Os dados revelaram também que, enquanto 21,9% das pessoas recebiam 1 salário mínimo ou menos como rendimento do trabalho, apenas cerca de 8,8% da população possuía rendimentos superiores a 5 salários mínimos, percentual acima da média nacional (7,6%).
A diferenciação dos rendimentos do trabalho é bastante expressiva também quando considerado o nível geográfico, refletindo, em parte, a distribuição das atividades econômicas pelo Território Nacional. Considerando o rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos, em 2022, as pessoas ocupadas nas Regiões Norte (R$ 2.238) e Nordeste (R$ 2.015) recebiam, respectivamente, 78,5% e 70,7% do correspondente à média nacional (R$ 2.851). Por outro lado, a Região Centro-Oeste superou em 16,7% a média nacional e alcançou o maior rendimento nominal médio de todos os trabalhos, com R$ 3.292. Em seguida, as Regiões Sudeste (R$ 3.154) e Sul (R$ 3.190) tiveram resultados bastantes próximos entre si, também superiores à média nacional.
Analisando o recorte por Unidades da Federação, Mato Grosso se destacou no cenário nacional ao alcançar a quarta colocação entre as Unidades da Federação com maior rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos das pessoas ocupadas com 14 anos ou mais de idade, com R$ 3.261,94. Liderando o ranking está o Distrito Federal, com R$ 4.714,58, seguido por São Paulo (R$ 3.460,03) e Santa Catarina (R$ 3.391,15). A média nacional foi de R$ R$ 2.850,64.
Entre os municípios mato-grossenses, Cuiabá se destacou com o maior rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos das pessoas ocupadas com 14 anos ou mais, alcançando R$ 4.182,23. Na sequência aparecem Sorriso, com R$ 3.792,18, e Canarana, com R$ 3.729,25. Por outro lado, os menores rendimentos foram registrados em Jangada (R$ 1.871,48), Poconé (R$ 1.901,77) e Barão de Melgaço (R$ 1.902,16).
A desagregação dos dados por sexo, bem como a segmentação por cor ou raça, revela-se essencial para o conhecimento e análise das desigualdades estruturais presentes na sociedade. A reconhecida diferença entre sexos no quesito rendimento do trabalho permaneceu presente em 2022, com o rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos da população ocupada masculina (R$ 3.611,61) superando em 31,4% o das mulheres nesta condição (R$ 2.748,02).
Já o recorte por cor ou raça mostrou resultados mais elevados para as categorias amarela (R$ 5.970,61) e branca (R$ 4.291,27), que registraram resultados consideravelmente acima da média estadual (R$ 3.261,94). Abaixo da média estadual, as categorias de cor ou raça parda (R$ 2.769,63) e preta (R$ 2.674,64) apresentaram indicadores semelhantes, enquanto a população de cor ou raça indígena apresentou o menor rendimento médio do trabalho (R$ 1.942,54).
Em 2022, Mato Grosso se destacou como a Unidade da Federação com a maior participação do rendimento do trabalho na composição da renda domiciliar. Nesse ano, 84,5% do rendimento mensal domiciliar da população residente em domicílios particulares permanentes no estado veio do trabalho, enquanto os 15,5% restantes foram provenientes de outras fontes. Além de Mato Grosso, outras unidades que apresentaram participação superior a 80% foram Goiás (80,9%), Roraima (80,7%) e Amapá (80,3%).
Ao analisar o cenário municipal, observa-se que os municípios de Mato Grosso também se destacam no ranking nacional de participação do rendimento do trabalho na composição da renda domiciliar. Entre os dez primeiros, oito pertencem ao estado: Querência (93,7%), Sapezal (93,5%), Primavera do Leste (92,9%), Campo Novo do Parecis (92,8%), Sorriso (92,6%), Santa Cruz do Xingu (92,1%), Campos de Júlio (91,7%) e Alto Taquari (91,6%).
SAIR PARA TRABALHAR – Em Mato Grosso, a maioria da população ocupada (33,9%) levava entre seis e quinze minutos para percorrer esta distância, representados por 259,1 mil homens (55,2%) e 209,9 mil mulheres (44,8%). A segunda classe mais numerosa é a dos trabalhadores que levavam entre quinze minutos e meia hora nos deslocamentos entre a moradia e o local de trabalho, com 30,9% da população total ocupada em 2022 (cerca de 427,5 mil pessoas), dividida entre 62,6% de homens (267,8 mil pessoas) e 37,4% de mulheres (159,7 mil pessoas). Dentre os 10 municípios mais populosos de Mato Grosso, constata-se que para os três primeiros -Cuiabá (com 36,7% do total da população ocupada), Várzea Grande (38,8%) e Rondonópolis (39,6%) – a maioria da população levava entre quinze minutos até meia hora para se deslocar até o local de trabalho, enquanto para os demais municípios a maioria dos trabalhadores levavam de seis até quinze minutos.
Em Mato Grosso, há um predomínio do uso do automóvel (35,4% da população ocupada) e da motocicleta (30,8%). Em que pese ter apresentado o terceiro menor registro entre as 27 UF (à frente apenas de Rondônia e do Distrito Federal), o deslocamento a pé (9,9%) foi superior ao índice registrado para as pessoas que se deslocavam de ônibus (9,7%) até seu local de trabalho. Para os 10 maiores municípios do estado, o automóvel foi o meio de transporte principal em seis deles: Cuiabá (46,8% da população ocupada), Várzea Grande (37,2%), Sinop (39,2%), Sorriso (39,1%), Lucas do Rio Verde (35,2%) e Primavera do Leste (40,0%). Para os outros quatro municípios, a motocicleta foi a principal forma de transporte para realizar o deslocamento entre o domicílio e o local do trabalho principal de sua população ocupada: Rondonópolis (40,1%), Tangará da Serra (38,5%), Barra do Garças (39,8%) e Cáceres (41,0%).
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