O comércio varejista de Mato Grosso acumula o menor crescimento em volume de vendas entre os estados do Centro-Oeste, conforme dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Enquanto o Brasil cresceu 5,1% no período de janeiro a julho deste ano, Mato Grosso aumentou o volume de vendas no comércio em 4,2%. Goiás apresentou alta de 6,3%, Distrito Federal de 5,6% e o Mato Grosso do Sul aponta o melhor desempenho regional: 7,9%.
Ainda conforme a PMC, o comércio mato-grossense registrou retração de 0,3% na comparação entre os resultados de julho ante os junho. Cresceu 2% na comparação anual, julho de 2024 contra julho de 2023.
Apesar da pouca evolução no estado, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) destaca que o comércio brasileiro deve registrar, em 2024, a maior taxa de crescimento dos últimos 11 anos. A previsão é de aumento de 30% nas vendas, o que não era visto desde 2013. Este cenário é impulsionado pela expansão da massa de rendimentos e pela menor taxa de desemprego em uma década.
“O comportamento dos preços, especialmente de combustíveis e alimentos, precisa ser acompanhado de perto. A economia está em um momento de recuperação, mas esses itens podem frear o avanço que estamos observando”, avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “Ainda assim, estamos otimistas com a recuperação do setor varejista em 2024 e acreditamos que os resultados positivos continuarão, desde que a inflação se mantenha controlada”, afirma Tadros.
No mês de julho, o volume de vendas do Brasil cresceu 6%, alinhado às expectativas do mercado, e registrou o sexto avanço mensal em sete meses. Na comparação com o mesmo mês de 2023, a alta foi de 4,4%, consolidando uma sequência de 14 meses de crescimento consecutivo.
SEGMENTOS EM DESTAQUE – Os setores que mais contribuíram para esse resultado foram hiper e supermercados, que registraram um aumento de 1,7% após queda de 2,2% em junho, e o comércio de vestuário e calçados, com alta de 1,8%. Também se destacaram as vendas de artigos de uso pessoal e doméstico (alta de 2,1%) e de materiais de escritório e informática (crescimento de 2,2%), ambos setores dependentes de crédito. A redução da taxa média de juros nas operações de crédito livre, que caiu para 5,11% ao ano em julho, o menor nível em mais de dois anos, tem ajudado a aliviar o orçamento das famílias. Com isso, o comprometimento da renda com dívidas, que encerrou o segundo trimestre de 2024 em 29,8%, foi o mais baixo desde setembro de 2021.
PRESSÕES INFLACIONÁRIAS E DESAFIOS – Embora o cenário seja promissor, as pressões inflacionárias continuam sendo motivo de preocupação. Alimentos e combustíveis, que estão entre os principais produtos comercializados no varejo, registraram reajustes acima da média. Isso alimenta expectativas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) possa iniciar um novo ciclo de aperto monetário em resposta à inflação, que se aproxima de 3,9%, perto do teto da meta de 4,5%, estabelecida para 2024.
“O mercado de trabalho aquecido tem sido o motor desse avanço, com a taxa de desocupação caindo para 6,8%, a menor já registrada para o trimestre encerrado em julho”, avalia o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes. “Além disso, o crescimento da massa real de rendimentos, de quase 8% em relação ao ano anterior, tem dado fôlego extra às vendas”, acrescenta. Apesar dessas incertezas, o desempenho do mercado de trabalho e a recuperação do consumo sugerem que o varejo manterá um ritmo de crescimento superior ao observado na última década. A CNC mantém sua previsão otimista de crescimento de 3% para o setor em 2024, caso as condições macroeconômicas continuem favoráveis.
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