O ano de 2021 vai sendo marcado não apenas pelo período de recorde de preços para os combustíveis, mas pela demanda histórica por gasolina. A matriz está em ascensão com o declínio do etanol hidratado e já soma mais de 427 milhões de litros consumidos, em Mato Grosso, de janeiro a setembro deste ano. Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o volume é inédito desde o início série histórica, em 2000.
Enquanto as vendas de etanol hidratado registram em setembro o menor volume para o mês em quatro anos no Estado – 69.591 milhões de litros – o derivado de petróleo (gasolina) foi ao recorde de 57.774 milhões de litros. Na comparação anual, considerando a demanda de janeiro a setembro, o etanol aponta crescimento de 0,5% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, o diesel aumentou 9,5% e a gasolina, 19,7%.
O preço de bomba para a gasolina aumentou cerca de 42% na comparação de mercado entre 2020 e 2021, conforme noticiado anteriormente pelo Mato Grosso Econômico. No entanto, o etanol que também exibe alta de dois dígitos – variação acima de 50% – deixou de ser competitivo financeiramente diante da gasolina e abriu espaço na preferência do consumidor. Alguns postos da Grande Cuiabá têm registrado falta momentânea de gasolina. “Estávamos acostumados com um volume de ‘x’ de gasolina que veio perdendo mercado ao longo dos anos, mas de repente a demanda aumentou e pegou a gente de surpresa. Ainda não sabemos quantificar a necessidade real desse combustível”, explica um frentista de revenda localizada no Cristo Rei, em Várzea Grande.
A partir de setembro, com altas periódicas sobre a gasolina e diesel, o etanol foi sendo reajustado a reboque, até chegar ao ponto de valer mais de 70% do preço de bomba da gasolina, o que o torna substituível, sob o ponto de vista financeiro, já que no motor ele rende menos, fazendo menos quilômetros quando comparado ao derivado de petróleo. Nesse cenário, depois de dez anos seguidos e pela primeira vez, o biocombustível deixou ser vantajoso em Mato Grosso.
Ainda conforme dados fechados até setembro pela ANP, Mato Grosso comercializou 3,95 bilhões de litros, 8,6% superior ao registrado em igual momento do ano passado. Mesmo com alta na comparação anual, setembro teve o menor volume demandado dos últimos quatro meses, em 2021: 444.254 milhões litros. O consolidado revela ainda que mesmo em queda, em relação aos meses anteriores, o saldo supera 416.519 milhões de litros contabilizados em igual mês do ano passado. Técnicos alertam que boa parte do segundo semestre do ano passado é tida como de ‘baixa base de comparação’, em razão das medidas de restrição que vigiam na época, em plena ascensão de óbitos pela Covid-19 em todo País.
O etanol hidratado somou 657,85 milhões de litros comercializados nos primeiros nove meses deste ano, 0,5% em relação ao mesmo momento do ano passado, quando se registraram 654,67 milhões de litros.
A gasolina registra venda de 427,68 milhões de litros, 19% a mais em relação aos 357,31 milhões de litros contabilizados de janeiro a setembro do ano passado.
O óleo diesel soma 2,66 bilhões de litros, 9,5% acima dos 2,43 bilhões de litros acumulados em 2020.