2021 começou com vendas de veículos novos bem mais tímidas em Mato Grosso. Em janeiro o setor teve queda de 29,3% nas vendas em relação a dezembro de 2020. Comparada a janeiro do ano passado, a demanda reduziu 5,5%. O levantamento é da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores e inclui os emplacamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos e implementos rodoviários.
Historicamente, janeiro computa resultados menores ao último mês do ano, quando muitos consumidores aproveitam para usar o 13º salário para adquirir ou trocar o veículo. Contudo, além deste fato, o setor sofre os impactos da pandemia. É o que explica o diretor da Fenabrave – Regional Mato Grosso, Paulo Boscolo.
Como resultado, todos os segmentos de novos apresentaram redução na comercialização no mês passado em Mato Grosso. No total, as concessionárias venderam 7.768 veículos em janeiro. O resultado é inferior ao registrado em dezembro (10.994) e janeiro do ano passado (8.228).
Expectativa 2021
Numa análise geral, o setor está otimista. “Com a chegada da vacina contra o coronavírus acredita-se numa economia mais aquecida e com as fábricas e o comércio atuando com mais força que em 2020. Acreditamos numa recuperação lenta”, avalia Boscolo.
Automóveis e comerciais leves
A retração nas vendas de automóveis e comerciais leves se destaca. Este segmento, que teve 44% de participação no mercado no primeiro mês do ano, teve queda de 33,1%. Boscolo lembra que a baixa é, em grande parte, reflexo da paralisação na produção de veículos no pico da pandemia, causando demora na entrega e falta de carros 0KM nas concessionárias. Sem estoques disponíveis, alguns consumidores aguardaram cerca de 60 dias para receber o veículo adquirido. Além disso, um novo aumento no número de casos de pessoas infectadas pela Covid-19 também gerou impacto nesse cenário.
Motocicletas
As vendas de motocicletas reduziram 6,3% em janeiro no estado. No primeiro mês foram comercializadas 3.080 unidades. Em relação a dezembro, a retração ficou em 27,1%. Ronan Alves, diretor da entidade e representante deste segmento, comenta que a paralisação das fábricas em Manaus deve ampliar o tempo de espera dos consumidores de 60 para até 90 dias. “A demanda está maior que a oferta pela paralisação das fábricas. As vendas se fortaleceram com a pandemia, por conta da terceirização de serviços e do auxílio emergencial, mas não conseguimos entregar em função da baixa produção, por conta da falta de insumos, dificuldades de importação e paralisação das fábricas”, comenta.
Segundo Alves, a diminuição na oferta levou a um aumento de 9%, em média, no valor das motocicletas desde o início da pandemia. Por outro lado, ocorreu redução de juros no financiamento. Taxas de juros que antes beiravam os 3,7%, ao mês, agora estão no patamar de 2,1%, ao mês. “Parcela que antes era R$ 420 caiu para R$ 330. Então, sim, é um bom momento para adquirir seu veículo”, calcula.
Caminhões e ônibus
A pandemia também teve seus reflexos sobre o segmento de caminhões e ônibus. Nesse caso, a queda é de 17,7% nos emplacamentos. Quando se fala apenas de caminhões a retração é de 11,7%. O setor aposta na tendência de investimento em caminhões menores ou semileves que percorrem trajetos mais curtos.
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