Neste último sábado, dia 29 de junho, completei 34 anos escrevendo artigos iniciados no jornal A Gazeta, onde continuo até hoje e, posteriormente, em sites da capital e do interior. O primeiro artigo teve o título “Perdemos lá e cá”. O jornal A Gazeta nascia naquele mesmo mês.
Ao longo de 26 anos escrevi artigos diariamente no jornal. Depois semanalmente, até hoje. Mais de 9 mil artigos sobre a história de Mato Grosso, sobre política, sobre economia, sobre comportamentos, sobre viagens, principalmente. Cenários do futuro mato-grossense. Viagens incontáveis e aventuras inacreditáveis.
De tudo o que vi e escrevi ao longo desses 34 anos, a evolução da história de Mato Grosso talvez seja a parte mais relevante. Começo contando um fato ilustrativo. Vim de Brasília trabalhar em Mato Grosso pela época da divisão do estado, em agosto de 1976. Minha família ficou lá. Vim sozinho num Corcel 1969. O asfalto já chegara a Cuiabá. No trecho entre Goiânia e Cuiabá, que é de 900 km, sempre que ia a Brasília ver a família e na volta, normalmente, eu cruzava com duas carretas da época, com capacidade para 10 toneladas. Carregavam madeira em toras ou serrada. Nada mais. Hoje na mesma rodovia entre Cuiabá e Rondonópolis, passam até 26 mil carretas de 30/60 toneladas diariamente. Esse foi o tamanho do salto da história de Mato Grosso.
O melhor disso tudo é que tive a oportunidade como jornalista, de acompanhar tudo isso de perto, participando e escrevendo, dirigindo o jornalismo de revistas, de rádios ou de televisão. No meio, mais de 250 palestras em todas as regiões sobre cenários futuros de Mato Grosso.
Ao longo da maioria das rodovias, com ou sem asfalto, o cerrado virgem era dominante. Hoje o cerrado é um mar de lavouras de soja, de milho, de algodão, de girassol, etc. O gado, antes concentrado no pantanal, subiu para as terras altas do cerrado e mudou a pecuária estadual. A população de 1 milhão e 100 mil habitantes nos 38 municípios, alcança hoje 3 milhões e 700 mil em 142 municípios.
A história minuciosa desses 34 anos de artigos escritos contando os fatos, me impressiona profundamente e me deixa a sensação do privilégio de testemunhar tudo isso.
A minha missão de agora por diante será reunir essas estórias da História e construir uma plataforma digital. Algo do tamanho que foi a revolução mato-grossense de 1970 até agora e no futuro, não pode ficar esquecida sem registro. Missão que segue na certeza de que estarei honrando todo o meu amor pela História ao longo da vida de jornalista nesses 52 anos desde que entrei numa redação de jornal. E 48 anos em Mato Grosso.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso