No último dia 3 de fevereiro completei 51 anos desde que entrei pela primeira vez na redação do Jornal de Brasília, em Brasília, pra iniciar a carreira de jornalista. Um quase garoto de 29 anos. Mundo novo. Meio doido, já que a cada dia a pauta era diferente e surpresa. Em 1976, mudei-me pra Mato Grosso. Aqui finquei raízes.
Olho pra trás. Já com os cabelos grisalhos percorro nas lembranças a história desses 51 anos. Vi muitos Brasis morrerem e muitos Brasis nascerem. Vi muitos Mato Grossos morrerem e vi muitos Mato Grossos nascerem.
Ocupei um monte de espaços nesse mais de meio século no jornalismo. Vi muita gente nova chegando ao poder político. Vi a maioria sair da cena. Uns por cima. Outros por baixo. Uns ricos. Outros dignos. Estes, menos!
Vi ideologias chegarem ao poder e vi uma a uma morrendo. Aprendi que a sociedade é muito mais moderna do que os políticos. Ela põe e tira. Esse negócio de povo não sabe votar é mentira. Sabe e vota bem. O difícil é achar candidatos bons pra serem votados. Quando um bom chega ao poder é mantido por muito tempo. A maioria é descartada rápido. Embora algumas “tranqueiras” consigam sobreviver, mais hora, menos hora o povo saberá tirá-los do caminho.
Vaguei pelo jornalismo da redação como repórter, como editor no jornal, no rádio, na televisão e na revista. Nada mais solitário. Dirigir ou coordenar redações é muito doloroso. Tentativas diárias de descortinar os caminhos da sociedade. Passei por governos na área de comunicação. O mesmo exercício de fazer ideias de gestão tentarem sobreviver. Mundo complexo e cheio de areias movediças. Mas foi uma grande escola. Sobreviver ali é garantir sobrevivência eterna.
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Vi aquele Mato Grosso modestíssimo dos anos 1970 chegar ao gigantismo atual. Tive a chance de conviver com os gigantes dessa construção. Vi gente fantástica abrindo caminhos onde nada havia. Na ocupação do solo, fundando regiões novas, nas políticas e na gestão. Vi fracassos grandes e dolorosos.
Eu próprio naveguei entre sucessos e derrotas. No final, sobrevivi com uma larga e inevitável experiência de vida.
Percebo que esses 51 anos me empurram pro futuro. Afinal, se tanto vi sendo feito, tenho direito e ver onde tudo isso vai dar. Falo do futuro. O futuro sempre me fascinou. Claro que os meus anos vividos não me permitirão ir tão longe como nesses 51 anos. Mas, enquanto der, quero olhar pra frente. Será um prêmio por ter vivido 51 anos como jornalista e visto tantas coisas irem e virem…
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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