No dia 6 de fevereiro, data do seu nascimento, há 72 anos, o documentário “A Primavera de Dante”, foi lançado no Teatro Zulmira Canavarros, da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Foi uma oportunidade única pra se rever alguns costumes e práticas que lamentavelmente saída da moda.
O primeiro, foi ver o auditório de 700 lugares completamente lotado e o saguão cheio de pessoas que foram reverenciar a memória de um homem político. Foram ver sobre Dante de Oliveira, gente que o conheceu, que conviveu com ele, que trabalhou com ele, gente que o seguiu, e gente mais nova que só ouviu falar do Homem das Diretas Já.
O segundo fato muito tocante é que se resgatou fragmentos de memória da política brasileira em tempos em que a dignidade respirava. Suas ideias, seu começo, suas crenças, suas eleições com derrotas e vitórias. Mas, marcante, o tom de crença no país através da política. Claro que quem está lendo estas linhas possa dizer: eram outros tempos! Justamente. Eram outros tempos.
Junto com as ideias políticas vinham a noção de que a sociedade pode mudar através das ideias limpas de políticos decentes e comprometidos com o povo e com a nação. Depoimentos de amigos, da viúva Thelma de Oliveira, da mãe, Dona Maria, aos 102 anos, do amigo de lutas Domingos Leonelli, e do deputado estadual Carlos Avalone, o pai do projeto do documentário.
Dante deixou o mandato de governador em 2002 com aprovação de 80% e perdeu a eleição menos de 6 meses depois para o Senado. Carlos Avalone lembrou a sua avaliação sobre a derrota: “o povo me deu a oportunidade de pensar nesses próximos quatro anos onde foi que erramos”. Coisa de estadista.
Leonelli fez um longo pronunciamento resgatando o momento político do Brasil em meio ao regime militar que começou em 1964 e terminaria um ano depois do extraordinário movimento nacional das Diretas Já. Ali Dante sairia de Mato Grosso para o cenário nacional numa das épocas de mudanças mais significativas da história brasileira.
Leia também: Opinião: A Europa e nós
Recordou que a oposição, liderada pelo guarda-chuvas do partido MDB, vivia a contradição de como lidar com o fim do regime militar pela via política. Várias hipóteses, até que Dante surge com a proposta de uma emenda à Constituição restabelecendo as eleições diretas pra presidente da República em 1985. O partido acatou a ideia e comícios com até 1 milhão e 700 mil pessoas explodiram Brasil afora ao longo de 1983 e 1984. No Congresso Nacional foi derrotada. Mas a mudança seria iminente.
Em 1985 foi escolhido pelo voto indireto do Congresso Nacional o presidente civil Tancredo Neves. Infelizmente morreu antes da posse. O seu vice, José Sarney governaria o país pelos próximos 6 anos.
Dante seguiu a sua trajetória política até as duas eleições para o governo de Mato Grosso. Nascido em 6 de fevereiro de 1952, nos deixou em 6 de julho de 2006. O documentário “A Primavera de Dante”, resgatou a sua dignidade e a sua existência necessária. Abraços carinhosos, Dante”
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
CLIQUE AQUI E VEJA MAIS NOTÍCIAS DE POLÍTICA E DESENVOLVIMENTO