Há duas semanas assisti ao III Simpósio Técnico da Aprosoja/MT. Um evento profundamente esclarecedor para os horizontes da economia mundial e, por consequência, da economia brasileira.
A palestra que mais marcou, na minha opinião, foi a do professor Marcos Fava Neves, da Universidade de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas, com larguíssimo currículo na economia agro rural. Discorreu sobre a economia mundial olhando pro setor do agronegócio. Foi uma palestra longa e reflexiva.
O conceito fundamental da sua apresentação foi o de que o agro é o grande criador de oportunidades dentro da economia brasileira. Nesse aspecto, ele demonstra que o agro movimenta dentro da porteira, mas esparrama os reflexos econômicos das suas necessidades sobre toda a economia nacional urbana ou rural.
Na medida em que demanda a necessidade de máquinas, ele impulsiona a indústria pesada e tecnológica, alimenta o comércio de máquinas e de peças, e o de serviços com manutenção e reparos. Isso, sem contar a demanda por softwares de alta tecnologia para os processos da produção lá no campo e também da porteira pra dentro das fazendas.
Outra análise é que o mundo está comendo cada vez mais e exigindo mais qualidade na produção. Sem contar a sustentabilidade. Nesse item o Brasil tem poucos pecados quando comparado com a produção mundial. Trouxe a informação e que o mundo não está comendo o que desejaria comer. Isso abre cada vez mais espaços para produção brasileira.
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Contudo, surgem alguns problemas brasileiros muito graves. Um deles é a formação de recursos humanos adequados aos sistemas tecnológicos de todo o sistema produtivo do agro. Esse é um problema enorme, por conta da educação brasileira muito distorcida e desfocada da economia.
Outro ponto muito delicado vem do Estado brasileiro. Aqui aparecem as inseguranças jurídicas hoje sob a responsabilidade das instituições públicas. Mas aparece em grande destaque a insegurança trabalhista com retrocessos que impeçam a atividade econômica de avançar.
Foi uma palestra longa, muito técnica que deveria ser distribuída largamente pela Aprosoja na forma de discussões públicas. O desfoque público a respeito do presente econômico e do futuro é lamentável. Age como se não tivesse responsabilidades com o planejamento estratégico do Estado de Mato Grosso. Aliás, Mato Grosso é uma das peças fundamentais nisso tudo. “É o melhor lugar do planeta”, disse o professor Marcos.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso