A revolução trazida pela Indústria 4.0 elevou os setores de produção e logística a um novo patamar de eficiência e produtividade, e a cadeia de suprimentos se tornou uma área estratégica para conter os riscos associados às novas demandas.
Uma pesquisa da Deloitte, realizada recentemente, apontou que 41% das empresas planejam investir em uma tecnologia de automação da cadeia de suprimentos. Isso porque, com a crise ocasionada pela pandemia, os dados se tornaram o grande trunfo das indústrias para encontrarem alternativas à atual dependência do mercado chinês.
Tecnologias, como Big Data, Machine Learning, Inteligência Artificial e Blockchain, permitem realizar uma análise preditiva das reposições dos estoques mínimos de materiais com base em indicadores relacionados à commodities, macroeconomia, custos operacionais, estoque e produção que entregam ao setor de Compras uma visão abrangente de mercado em diferentes países.
Com a alta volatilidade dos preços, associada à disparidade na oferta e demanda das principais commodities, em especial metais, papéis e insumos agrícolas, o grande desafio é manter os estoques abastecidos sem repassar os altos custos das reposições ao consumidor final.01
Uma análise manual não é capaz de prever a flutuação dos índices financeiros que impactam diretamente nas compras, como o dólar, IPCA e IGP-M, bem como indicadores operacionais determinantes para o faturamento, entre eles giro de estoque e tempo de entrega.
Assim, o setor de Compras 4.0 não precisa esperar pelos alardes dos fornecedores para planejar e corrigir os preços das aquisições. A transformação digital traz autonomia na tomada de decisões e possibilita negociar com mais embasamento e realizar uma previsão mais acurada de médio e longo prazo.
Se antes da modernização e evolução das tecnologias, o setor de Compras tinha a responsabilidade de manter e controlar os estoques, agora os profissionais terão um novo papel muito mais estratégico no negócio: o de avaliar os riscos envolvidos em cada transação.
Haverá, ainda, uma mudança na relação com os fornecedores, que se tornarão parceiros estratégicos, compartilhando mais do que produtos e serviços, mas saúde financeira e posição no mercado. A automação e a tecnologia, nesse contexto, andarão juntas para levar mais inteligência à cadeia de suprimentos.
O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, mas, a julgar pelo avanço na Indústria 4.0 e a automação em diversos setores antes impensáveis, como saúde e educação, poderemos considerar os dados no setor de compras como mais um fator de competitividade para produtores e fornecedores.
Artigo Eric Boano vice-presidente e fundador da Costdrivers
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