Domingo passado, após o almoço, ainda impressionado com o sabor e a qualidade dos pratos típicos da nossa gastronomia, muito bem servidos em um dos diversos restaurantes à beira do rio em Cuiabá e Várzea Grande, comecei a refletir sobre como gastamos nosso dinheiro e qual seria a maneira mais inteligente de consumir.
Minha conclusão: comprar de um comerciante local é mais do que um ato de consumo. É um gesto de inteligência econômica. Vamos começar pelo óbvio: dinheiro gasto localmente é dinheiro que fica localmente. Quando você compra do seu vizinho, do pequeno empresário, está não apenas adquirindo um produto ou serviço, mas está investindo na sua própria comunidade. Esse dinheiro volta para você de maneiras que talvez não veja imediatamente, mas que certamente sentirá.
Imagine que cada real gasto em sua cidade é um tijolo na construção do bem-estar comum. Com esses reais, criam-se empregos, pagam-se impostos e, mais do que isso, fortalece-se o tecido social. A pessoa que hoje vende, amanhã pode ser a que compra. Assim, a roda gira e a economia pulsa.
Além disso, ao valorizar os produtos locais, não apenas apoiamos as economias micro e pequenas, mas também estimulamos a inovação e o empreendedorismo local. A cada compra, reforçamos a segurança alimentar e garantimos a preservação de receitas e tradições que definem nossa cultura.
Ao optar por produtos importados, muitas vezes enfrentamos uma incerteza quanto à qualidade e às condições de produção. Em contrapartida, ao comprar localmente, temos maior transparência e confiança na origem e no processo de produção, o que eleva nossa qualidade de vida e bem-estar.
Ao apoiar o comércio local, não estamos apenas incentivando a produção regional, mas também fortalecendo a nossa economia mesmo quando os produtos vendidos vêm de outras partes. Entender isso é crucial: nem tudo que precisamos ou desejamos pode ser produzido localmente devido às limitações geográficas, climáticas ou tecnológicas. Porém, ao escolher comprar de um comerciante local, mesmo para produtos importados, estamos fazendo uma escolha consciente de manter nosso dinheiro circulando dentro da nossa comunidade.
Optar por comprar de um vendedor local em vez de enviar nosso dinheiro para grandes corporações internacionais ou comerciantes distantes, como um vendedor online na China, significa apoiar empregos aqui e não lá. Assim, entre um produto estrangeiro vendido aqui e outro semelhante vendido online por um comerciante internacional, escolha o daqui. Dessa forma, cada real gasto contribui diretamente para a prosperidade local, fortalece nossa economia e protege nossa comunidade contra a volatilidade econômica global.
Mas o que é realmente instigante nesse movimento de “comprar local”? É a possibilidade de construir algo nosso, genuinamente cuiabano. É saber que ao escolher um produto daqui, você está, de fato, colocando Cuiabá no mapa, não apenas como um ponto de passagem, mas como um local de prosperidade e inovação.
E não se trata apenas de comprar; trata-se de valorizar. Valorizar o que é feito aqui é reconhecer a identidade e a capacidade da nossa gente. É fazer da nossa cidade um lugar onde não apenas se vive, mas onde se prospera.
Portanto, da próxima vez que for fazer suas compras, pense nisso. Pense que, ao optar pelo comércio local, você não está apenas fazendo uma transação, está fazendo uma declaração de amor por Cuiabá. E, como em qualquer boa relação, quanto mais você investe, mais você recebe.
Compre local, valorize o que é nosso. Afinal, Cuiabá não é apenas onde você está. É quem você é.
*Daniel Teixeira é advogado, empresário e conselheiro da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Cuiabá)