Neste 5 de julho, Dia Internacional do Cooperativismo – Coops Day – celebramos um movimento global que impulsiona o desenvolvimento social e econômico por meio da união. O cooperativismo é um modelo de negócio testado e comprovado, capaz de se adaptar a novos tempos e de responder às demandas de uma sociedade em constante mudança.
Este ano, o mote da campanha nacional para o Coops Day é “Cooperativas constroem um mundo melhor”, um convite à reflexão sobre a resiliência e o impacto positivo das cooperativas.
Em Mato Grosso, estado de dimensões continentais e vocação em diversos setores, a população encontra no cooperativismo um modelo de negócio e de vida que se adapta e prospera. Atualmente, o estado conta com 182 cooperativas registradas junto ao Sistema OCB/MT, atuando em ramos diversos, mas sempre com base em princípios que valorizam o ser humano, a gestão democrática e o interesse pela comunidade.
As cooperativas mato-grossenses têm contribuído significativamente para o crescimento econômico e desenvolvimento social do estado, gerando empregos, distribuindo renda e fomentando o crescimento regional. Para se ter uma ideia, a movimentação econômica nas cooperativas registrou R$ 40 bilhões de ingressos e receitas em 2023. É com esse espírito que convidamos a todos a conhecerem mais de perto o impacto transformador das cooperativas. A seguir, você vai se inspirar com três histórias que exemplificam como a união e a visão cooperativista constroem um futuro mais justo e próspero.
Cocemat – Cooperados donos do próprio supermercado
Para além dos grandes números e das vastas cadeias produtivas, o cooperativismo se materializa em iniciativas que transformam o dia a dia das comunidades, democratizando o acesso e promovendo a autogestão em nível local. Um exemplo dessa força é a Cocemat – Cooperativa de Consumo do Estado de Mato Grosso, localizada no bairro 1º de Março, em Cuiabá. Lá, 150 cooperados se tornaram, de fato, donos de um mercado.
A Cocemat é mais que um supermercado, é a concretização do princípio cooperativista da participação econômica dos membros. Inspirada nos pioneiros do cooperativismo moderno, como o Armazém de Rochdale, fundado na Inglaterra em 1844, a Cocemat resgata a essência do cooperativismo de consumo, onde o foco não é o lucro para poucos, mas o benefício mútuo. Seus cooperados adquirem produtos alimentícios, de higiene e limpeza a preços mais justos, ao mesmo tempo que participam ativamente da gestão e compartilham os bônus e sobras resultantes da operação.
“Para nós, da Cocemat, é uma imensa satisfação ver nossos cooperados assumindo a verdadeira propriedade de seu supermercado. Aqui, cada um é dono e gestor, garantindo não só preços justos e produtos de qualidade, mas também a participação ativa nos resultados”, afirma Júlio Pereira de Moura, presidente da Cocemat.
Este modelo reforça a importância da persistência, da educação cooperativista e do entendimento profundo do projeto por parte dos membros. Ao assumirem a propriedade e a responsabilidade pelo negócio, os cooperados criam um ciclo virtuoso onde a fidelidade e o engajamento direto beneficiam a todos, desde a qualidade dos produtos até a destinação dos resultados. A Cocemat é a prova viva de que, no cooperativismo, o cliente é também proprietário e beneficiário direto dos resultados, fortalecendo a economia local e promovendo uma relação de consumo mais justa e consciente, assim a cooperação constrói um mundo melhor, bairro a bairro.
Cooperfibra – Educação como pilar da transformação
No cooperativismo, as pessoas estão sempre no centro. Entre tantas trajetórias de sucesso, a de Eduarda Magalhães, de 26 anos, colaboradora da Cooperfibra, em Campo Verde, é um testemunho vívido do poder transformador da educação dentro de uma cooperativa.
Aos 26 anos, Eduarda já acumula quase uma década de conexão com o cooperativismo. Sua jornada começou em 2016 como jovem aprendiz e, em 2017, foi efetivada na empresa. No entanto, sua relação com o cooperativismo vai muito além do tempo de casa; é uma imersão em valores que moldaram sua vida pessoal e profissional.
“Quando tive a oportunidade de conhecer mais profundamente esse modelo, fui impactada por algo muito maior do que eu esperava. Vi que, dentro de uma cooperativa, as pessoas vêm em primeiro lugar. Existe um cuidado genuíno com o desenvolvimento individual e coletivo. Não é só sobre produzir ou gerar lucro — é sobre crescer junto, aprender junto, evoluir como ser humano e como profissional”, conta Eduarda.
Sua fala ressalta um dos pilares fundamentais do cooperativismo: a educação. Foi nesse ambiente que ela encontrou o suporte necessário para trilhar um caminho de constante aprendizado e aprimoramento. “Foi na cooperativa que tive acesso à formação que mudou minha trajetória. Tive apoio para estudar, com bolsa de estudo, capacitações constantes, incentivo para buscar conhecimento, e, principalmente, pessoas ao meu redor que acreditaram em mim. A educação, dentro do cooperativismo, não é vista como um luxo, mas como um direito e um caminho fundamental para a transformação”, afirma.
Essa base educacional sólida permitiu que ela realizasse o sonho de se formar e, posteriormente, se especializar na área de Recursos Humanos. “O RH, para mim, não é apenas um setor, é uma extensão dos valores que aprendi dentro da cooperativa: respeito, empatia, colaboração e desenvolvimento mútuo”, explica.
Cooperfrente – Inovação e especialização no saber
A história da Cooperativa de Trabalho Cooperfrente é um exemplo de adaptação e visão de mercado. A presidente Verônica Ribeiro compartilha como tudo começou. “Nossa cooperativa nasceu em 1999 com a necessidade de um condomínio para a realização de limpeza”, explica Verônica. No entanto, o tempo trouxe um desafio e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade: a necessidade de aprimorar o nível técnico dos profissionais de limpeza e o alto custo envolvido na capacitação.
“Foi nesse ponto que vislumbramos um novo caminho. Vimos um nicho de mercado”, conta Verônica. A percepção de que poderiam ir além da prestação de serviços de limpeza levou a uma decisão estratégica e ousada: a Cooperfrente se transformaria em uma cooperativa especializada em educação, desenvolvimento, capacitação, consultoria e instrutoria. A parte de limpeza e assessoramento, por sua vez, deu origem a uma nova cooperativa, a Complementar.
Essa mudança transformou a Cooperfrente em um verdadeiro pilar de crescimento profissional e estratégico, impulsionada por um corpo de sócios altamente qualificado. “Temos, por exemplo, muitos cooperados que são especialistas em legislação, professores universitários cujos contratos vêm pela cooperativa e instrutores do Sistema S”, destaca Verônica. Essa diversidade de talentos e conhecimentos permite uma atuação abrangente em instrutoria e educação, oferecendo uma vasta gama de capacitações e assistência técnica, especialmente adaptada às necessidades do estado de Mato Grosso.
Um dos maiores orgulhos, segundo Verônica, é a manutenção do espírito cooperativista vivo e atuante. Esse compromisso se reflete em ações concretas que impactam diretamente a vida dos cooperados. Um exemplo é a existência de um fundo de adiantamentos financeiros. Verônica explica que, em contratos onde o pagamento ocorre apenas após a emissão da nota fiscal, a Cooperfrente consegue adiantar recursos para que o cooperado possa realizar seu trabalho sem preocupações financeiras, assegurando a continuidade e o sucesso de suas atividades.
Além disso, a cooperativa incentiva a capacitação por meio do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates). “A gente tenta trilhar esse caminho junto com o cooperado, porque se ele melhora, a cooperativa também melhora”, conclui Verônica.
Frederico Azevedo é Superintendente do Sistema OCB/MT
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