Este artigo se propõe chamar a atenção das instituições representativas da sociedade civil organizada de Mato Grosso para o seu papel político crescente no Brasil atual.
Na última sexta-feira, 3, participei da solenidade de posse do presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso. Saiu Gustavo de Oliveira e entrou Silvio Rangel, ambos empresários na faixa dos 50 anos. Mandato de quatro anos. Nesta semana tomará posse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, para o mandato de três anos, o produtor rural Vilmondes Tomain. Em setembro do ano passado tomou posse, reeleito, o presidente da Federação do Comércio e Serviços de Mato Grosso, empresário José Wenceslau Júnior. Mandato de quatro anos.
Essas instituições possuem entidades agregadas de grande poder econômico e político, como Aprosoja, Acrimat, Acrismat e Ampa, na Famato, fora as áreas sociais e educacionais em todas elas. Foram essas ainda temos outras federações relevantes como a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas. Todas com ampla penetração capilar nos municípios.
Na posse da Fiemt, a qualidade do público presente, assim como nas demais federações, é profundamente representativo do peso empresarial, econômico e de formação de opinião no Estado. De fato, compõem o PIB de Mato Grosso.
O governador Mauro Mendes fez um discurso vigoroso sobre o papel do Mato Grosso atual e as expectativas próximas. Os presidentes da Fiemt que sai e que entra, fizeram discursos vigorosos também. Mas são discursos setoriais. Falaram pra dentro. Aqui entra o espírito deste artigo.
Os presidentes e membros dessas instituições que citei, e de todas as demais que estão organizadas no Estado, não podem ter uma visão setorial só pra dentro dos seus negócios e interesses. Percebi a desconexão dos discursos dos políticos presentes. Vazios. Nada com nada. O governador falou sozinho e pra si mesmo numa festa de uma das mais poderosas instituições civis de Mato Grosso. O que disseram os presidentes não alcança uma expressão política. Sem a política não vencerão. Ela atrapalha e ajuda. Depende do nível e do volume das pressões que recebe.
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O fato é que Mato Grosso tem um grande poder econômico e se constitui numa poderosa bolha de desenvolvimento dentro de um país derrotado justamente pela política anterior e pela atual. As instituições privadas devem a qualquer custo apoiar e ajudar o governador Mauro Mendes não se isolar dentro de um governo nacional que olha a economia com preconceito. Ameaça o agronegócio, enxerga com olhar torto as questões ambientais que desconhece, e tem um discurso de tiro curto no social. No mais, política ideológica. Se as instituições civis da sociedade não compreenderem seu papel além dos interesses internos, definharão nesses anos difíceis que o Brasil e o mundo enfrentarão. A economia é maior do que a política. Setor privado gira a economia, gera impostos e empregos e sustenta a estrutura pública que mais atrapalha.
A conclusão é que esses homens que comandarão os principais setores da forte economia mato-grossense, são mais do que executivos dos interesses privados. Precisarão estudar economia, política e o social e terem a coragem e a força de pressionarem, de apoiarem, de cobrarem e pensarem junto ao governo do Estado. Pressionarem os políticos eleitos e falar a voz da razão dentro desse campo estranho e frouxo da política.
Não dá mais pra ser apenas representantes do óbvio empresarial. Os tempos são outros. O poder começa a vir da sociedade sobre o Estado. Não mais o contrário!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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