Já foi dito por especialistas sobre o assunto que todo grande comerciante sonha em ser um grande industrial. Bom para industrialização latente em Mato Grosso. O agro é agro, com seus interesses e funções, distintas dos industriais e comerciantes; mas, isto, é assunto para um próximo artigo.
A respeito do epigrafado, uma das construções teóricas relevantes de Joseph Alois Schumpeter, (1883-1950), austríaco radicalizado nos EUA – orientador de doutoramento do temido e saudoso livramentense, economista e diplomata Roberto de Oliveira Campos – foi a destruição criadora, i.é., o surgimento de uma invenção e/ou inovação revolucionária, que, primeiramente, destrói a tecnologia vigente, para em seguida, reestruturar uma nova organização da tecnologia revolucionária, no apelido de hoje em dia, disruptiva, em termos de novos empregos com lucros extraordinários para firma inovadora até que essa tecnologia seja imitada e o mercado volte ao nível de um novo e relativo equilíbrio.
Carece dizer, que as inovações ocorrem quando a cumulatividade e trajetória tecnológicas encontram-se num ambiente onde a acumulação de capital esteja consolidada e diversificada em determinados setores e/ou em grande parte da estrutura produtiva de um país ou região.
Para C. FURTADO, (2000), o processo acumulativo tem, assim, três aspectos distintos: a poupança de recursos, a incorporação desses recursos ao processo produtivo (inversão) e a apropriação total ou parcial do aumento de produtividade resultante da maior acumulação, ou seja, a transformação da inversão em forma de renda.
Em síntese parcial, não há inovação sem acumulação de capital e vice-versa.
Para que aja tanto acumulação (empresários) como inovações (empreendedores) são necessárias inversões em pessoal especializado, laboratórios de pesquisas equipados, disponibilidade e combinação de recursos, etc., pois, o avanço da tecnologia e da ciência é financiado pelo conjunto de recursos sociais em universidades e outras instituições públicas e privadas.
Sob este aspecto, em paralelo ao raciocínio de M. MAZZUCATO, (2016), a investigação ou pesquisa básica é função típica, não exclusiva, de universidades e instituições correlatas, porém, a investigação ou pesquisa aplicada requer a parceria indispensável com as empresas, visando a criação de mercado e sua difusão nesse mesmo mercado.
Riscos e recompensas equalizadamente distribuídos requererão um sistema de inovação sinergicamente alinhado as variadas instituições dentro do ecossistema empreendedor, cabendo aos empresários, empreendedores, engenheiros, cientistas da computação, administradores, consertadores assíduos e natos de peças, máquinas e equipamentos, etc., o desafio de transformar problemas, rotinas e ideias em novos produtos tecnológicos e sociais com potencial de crescimento.
Do Animal Spirits criado por Keynes ao Empresário Inovador de Schumpeter há que se buscar um caminho além da imitação que vise liderança de mercado centrado numa inovação aberta, principalmente, entre parcerias internacionais e inter-institucionais para que se construa um ambiente inovador prospector, criador e oportunizador de ideias que culminem em uma cooperação tácita por resultados tecnológicos frente a competitividade externa agressiva e excludente.
Em paráfrase a Roberto de Oliveira Campos, dos diversos “ários” neste mundo e vida do trabalho, três se destacam: 1- todos podemos ser operários; 2- todos queremos ser funcionários; e, 3- mas, ser empresário é uma jóia rara e escassa.
Ernani Lúcio Pinto de Souza é economista do EIT/UFMT. (ernani.souza@ufmt.br)