Transcrevo a seguir trechos de um artigo escrito pelo professor Serafim Carvalho Melo, geólogo e diretor da Federação das Indústrias de Mato Grosso, à época. Ele foi o pioneiro, com uma caravana de dois ônibus leito a sair de Cuiabá até o Sul do Peru.
“Em setembro de 2023, haveria muito que se comemorar se tivéssemos conseguido materializar algumas das principais sugestões apresentadas no Relatório da Vigem Pela Integração Sul-americana, elaborado em 1993 pela Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso – FIEMT, idealizadora e promotora desta viagem pioneira. Foram 54 pessoas entre empresários, parlamentares, professores, homens de governo e rotarianos, em dois ônibus leito, com destino à Bolívia, norte do Chile e sul do Peru. Depois dela muitas outras viagens de caravanas de empresários, de professores universitários e de rotarianos se sucederam, para o norte da Argentina, em Salta e Jujuy, para o norte do Chile em Antofagasta, Iquique e Arica e para o sul do Peru em Tacna, Arequipa, até Lima; na Bolívia, nas cidades de Cochabamba, La Paz, Oruro, Potosí e Santa Cruz de La Sierra, para participar de feiras e/ou Rodas de Negócios e fazer turismo”.
“No ano de 2000 foi realizado pela FIEMT também, o Projeto de Logística de Transportes no Centro Oeste Sul-Americano acompanhado do Mapa correspondente que mostra as estradas existentes e suas características para trafegabilidade, com ou sem asfalto e respectivas distâncias”.
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“O objetivo deste trabalho é o de inserir Mato Grosso no contexto do comércio internacional com os países vizinhos, como tradicional produtor de alimentos e importador dos insumos utilizados para produzí-los, que são os fertilizantes, que o Brasil importa mais de 70% do que consome. Além disso, objetiva-se também se utilizar da excepcional possibilidade oferecida pelas costas marítimas do Atlântico e do Pacífico para exportar seus produtos industriais”.
“Ele mostrou que é possível chegar à costa do Pacífico a partir de Cuiabá, por via rodoviária atravessando a Bolívia, os Andes e o deserto de Atacama, numa distância da ordem de 2.000 km. Ele mostrou também que Mato Grosso situa-se no ponto intermediário de 2.000 km entre as duas costas marítimas do Atlântico e do Pacífico“.
O artigo discorre sobre o tema com a apreciação levantada em sucessivos encontros nos países e em Mato Grosso.
Hoje o tema nos sugere que perdemos grande parte do potencial dessa ligação. A China entrou pra valer e está ocupando os mercados que antes eram nossos. Espera-se que a política oficial brasileira ainda abra os olhos pros lados dos Andes e do Pacífico.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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