Em recente reunião com servidores públicos, incluindo professores do ensino médio, ouvi barbaridades a respeito da economia de Mato Grosso. Como a economia mato-grossense neste momento está baseada na agropecuária, fiquei impressionado com duas coisas: o preconceito urbano e a desinformação.
Aquilo não me saiu da cabeça, levando em conta que a contribuição efetiva do serviço público à economia é altamente questionável. Além das dificuldades naturais da atividade econômica, como mercado internacional, câmbio, custos, clima e mais recentemente a falta de mão de obra, a gestão pública é quem menos ajuda os setores produtivos. Logo, se existe alguém que se beneficia é o serviço público que não precisa enfrentar o mundo real da produção no campo.
Antes de entrar no espírito deste artigo, gostaria de informar que vou escrever de agora por diante uma série de três artigos sobre a evolução da economia da Mato Grosso ao longo dos últimos 40 anos. As gerações atuais não fazem ideia de como tudo isso aconteceu. Assentada nos confortos da vida moderna, não sabem de onde veio o mundo tranquilo que hoje desfrutam. E, frequentemente, falam mal da agropecuária sentados diante de uma mesa farta de comida. Não conectam que campo e comida são valores de mesma origem.
Porém, gostaria de trazer algumas informações novas tomando por base um artigo do economista Vivaldo Lopes, publicado na semana passada: “Mato Grosso competitivo”. Vivaldo parte da informação do respeitado Centro de Liderança Pública, uma entidade privada de contextualizações. O documento “Ranking de Competitividade dos Estados 2022“, foi realizado em parceria com a consultoria Tendências. Objetiva promover a competitividade entre os estados brasileiros, melhorar o ambiente de negócios e a qualidade de vida das respectivas populações. São dez pilares que definem o resultado final do Estado: infraestrutura, sustentabilidade social, segurança pública, educação, capital humano, solidez fiscal, eficiência pública e potencial de mercado e inovação.
Leia também: Opinião: BR-163, tragédia anunciada
Mato Grosso aparece na 5ª. Posição entre os 27 estados. Atrás apenas de São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Ultrapassou estados grandes como Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Nordeste inteiro. A importância prática desse estudo é que ele é levado em conta por investidores nacionais e internacionais na hora de optarem por este ou aquele estado brasileiro.
Segundo Vivaldo, “a excelente posição alcançada por Mato Grosso confirma a trajetória de alta performance da economia do Estado nas últimas décadas, impulsionada pelo setor agropecuário e, mais recentemente, pela agroindustrialização“.
Aqui começa o puxão de orelhas sobre os integrantes daquela reunião citada no começo do artigo. Os setores mais frágeis na lista dos elementos formadores do estudo, são ligados à ineficiência da gestão pública, tipo segurança pública, educação de má qualidade e inexistência de recursos humanos, por exemplo.
Nos próximos artigos pretendo abordar essa longa história que começou lá nos anos 1970 do século passado através de pioneiros corajosos que enfrentaram milhares de problemas para nos trazer até aqui. No final, imagino que o preconceito e a desinformação fiquem envergonhados.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso