Finalmente, uma notícia boa no campo da economia, e uma provável notícia ruim no campo da política. Na edição do dia 3 de junho último, o The Wall Street Journal, um dos mais importantes veículos do jornalismo econômico mundial, publicou na sua principal manchete na primeira página, o crescimento de 1,2% do Produto Interno Bruto-PIB brasileiro no último trimestre.
A notícia é ótima por uma série de razões. Entre elas superou o tombo de 4,1% em 2020, provocado pelo corona vírus. Foi a maior queda depois do tombo anterior de 2016, causado pela recessão do governo Dilma Rousseff. Aliás, essa queda de 2016 foi a maior de toda a série histórica do PIB, iniciada em 1996.
Três setores marcaram a subida do PIB: agronegócio, obras de infraestrutura e a indústria da construção civil. Contribuiu muito também os quase 10% dos gastos do governo com a ajuda emergencial em 2020, num PIB de 7 trilhões e 400 bilhões de reais. A ajuda emergencial manteve a economia de consumo acesa mesmo no auge da pandemia em 2020 e no começo de 2021. Contribuiu também para esse clima positivo, o recente encaminhamento mais definitivo da vacinação e a redução da crise política.
Agora a notícia política. Com o início da recuperação econômica do país, as estratégias políticas para a eleição presidencial de 2022 serão aceleradas. Mas é preciso chamar a atenção. O PT e os partidos de oposição, mais o Supremo Tribunal Federal, a CPI da Pandemia, parte do Congresso Nacional e a mídia estavam apostando que o presidente Jair Bolsonaro chegasse sangrando em 2022 e que seria fácil impedir a sua reeleição.
Aliás, a tese repete a experiência ruim de 2005. Quando estourou o Mensalão no governo Lula, o Congresso Nacional defendeu a tese do impeachment que naquele momento passaria com razoável facilidade. O desgaste do presidente Lula foi imenso no Mensalão. Mas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cometeu o erro de orientar o PSDB, que era um partido fortíssimo no momento, a “deixar o Lula sangrar até 2006 e derrotá-lo na reeleição”. Erro. Lula se recuperou, se reelegeu. Elegeu Dilma e ela foi reeleita. A história do país seria outra se FHC não tivesse errado a estratégia.
O risco se repete. Deixar Bolsonaro sangrar numa economia crescente é suicídio certo. Presidente nenhum perde eleição com a economia em alta. Nesse caso, a tendência é que o PT, o STF e os demais partidos de oposição e setores interessados, tentem sufocar o presidente Bolsonaro a partir de agora pra que ele não chegue forte em 2022. Por isso é de se esperar que o clima político daqui pra frente seja, como diria o folclórico prefeito da fictícia cidade de Sucupira, Odorico Paraguassu: será sanguinolento! Imagine a eleição em 2022.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso