A tese é do ex-governador, do DF ex-senador e ex-reitor da Universidade de Brasília, Cristovam Buarque. Ele tem conduzido a educação nacional como a sua bandeira, especialmente no Senado onde esteve de 2011 a 2019, eleito pelo DF. As conversas deste artigo vieram de uma entrevista dele junto com o professor Antonio Nova, ex-reitor da Universidade de Lisboa. Ambos estavam em Cuiabá na semana passada pra um evento sobre educação da Unemat. Nova é representante numa comissão de 15 educadores em comissão da Unesco sobre o futuro da educação no mundo.
A visão de ambos é muito provocativa. A educação é um desafio da sociedade e precisa de um grande pacto em Mato Grosso. O Brasil está ficando muito pra trás na educação frente ao mundo, e uma das causas são as diferenças sociais. O que elas aprendem na escola e o que o mundo exige delas na vida adulta, estamos paralisados. Uma das afirmações de Buarque é que o surgimento das escolas militares se deu por conta do fracasso das escolas civis pelo caos, falta geral de respeito, falta de ordem e violência.
O professor Antonio Nova, diz citamos que a escola transforma o mundo. Mas para transformar, a escola atual não transforma o mundo. Tem que ser uma escola diferente de pensar a escola e o mundo. “A escola serve pra duas: pra sermos livres e pra não estarmos sós”. Livre vem do conhecimento, via a o aprendizado das regras da vida em comum. O atual modelo escolar vem lá do século 19 e não já é mais a escola do futuro. A escola do futuro é cooperativa. A escola é um drama histórico. E cita que o conhecimento científico foi capaz de em dois anos desenvolver a vacina contra a Covid, mas não consegue educar as crianças. A sociedade mundial não se mobilizou ainda pra resolver esse desafio histórico que a educação de todas as crianças.
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“Nos dias de hoje nenhuma civilização prospera se não tiver na frente a educação que gera a sua ciência e o conhecimento”, diz o professor Nova. “Nenhum de nós sabe como será o futuro. Pra caminharmos nele precisamos do conhecimento e da inteligência. Esse é o grande desafio da educação no mundo. Alguns caminhos já fizeram esse futuro. Para Cristovam cada criança fora da escola é um gênio que perdemos.
Cristovam Buarque lembrou a Irlanda, um país pobre e atrasado que se projetou como país desenvolvido na atualidade através de investimentos maciços em educação. Completamente transformado. Esse pacto no Brasil é difícil, porque não faz parte do ideário do Brasil pôr-se como um grande país diante do mundo. Dentro está a ideia de, por exemplo, investir todo o dinheiro de Mato Grosso que hoje é um ponto de riqueza do país, na educação e transformar numa espécie de Silicon Valley. Mas isso, somente com um pacto entre o governo, as empresas e a sociedade, E mais: como um projeto do Estado, sob pena de termos uma bolha que não vai durar muito.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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