Vez ou outra recebo coisas muito interessantes no whatsapp, a rede social que mais frequento. Neste domingo recebi um chamado de “Triste Realidade”, que diz: A OAB não representa mais os advogados. A CNBB não representa mais os católicos. A ONU não representa mais a paz mundial. O STF não representa mais a justiça. O Legislativo não representa mais os interesses do povo. As instituições se tornaram militâncias”.
Em tempos atuais, nada merece menos respeito do que as militâncias. São radicalizações sem pé e nem cabeça na defesa de alguma coisa que interessa a poucos, mas que pretende convencer a maioria da sua conveniência.
O jornalista Josias de Souza, escreveu no jornal Folha de São Paulo neste fim de semana um artigo com o título “Há uma forte “despolarização” no ar”. Ele traça uma panorâmica clara e consistente das brigas atuais nos mundos político e institucional. Mostra um Brasil indo às ruas sem causa, mas alegando que suas causas são as causas nacionais.
Mostra instituições públicas completamente perdidas dentro do universo de interesses corporativos engolindo os interesses públicos. E mostra o presidente Jair Bolsonaro dentro de uma narrativa que está se perdendo como narrativa. De frente contra ele interesses difusos vindos de todas as direções e sem causa.
Neste momento o Brasil é uma colcha de retalhos. Pra todos os lados correntes pouco representativas se esforçando pra parecerem necessárias. Mas quem deveria mesmo se mostrar seria a sociedade. Antes ela se escondia atrás de fantasias como o futebol, as telenovelas e as cervejadas no bares. Hoje nada disso pode. Encolheu-se na quarentena e perdeu o apetite pra comer e pra beber. Segue como robô. Aqui e ali surgem sinais de que ainda existe alguma inteligência viva.
Dos manifestos de rua surgem algumas propostas e percepções. Mas na realidade, muito caminho pela frente até que a despolarização se encerre e 205 milhões de brasileiros digam às poderosas corporações públicas que chega!
Penso que vai demorar. Mas pelo menos é visível que já está a caminho. Como diria Alceu Valença em “Anunciação”: “A voz do anjo sussurrou no meu ouvido.
Eu não duvido, já escuto os teus sinais. Que tu virias numa manhã de domingo. Eu te anuncio nos sinos das catedrais”.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso