Em visita à Cuiabá nesta sexta-feira(18) o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, defendeu o sistema de inspeção agropecuária brasileiro e disse que a fiscalização é “forte, robusta e séria” e que o MAPA já está tomando medidas sobre as denúncias levantadas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, mas não há motivos para a população ter receio de consumir carne.
Maggi disse que os frigoríficos onde foram constatadas as ações criminosas já foram interditados e que o ministério procura agora saber se é possível que parte da carne contaminada ainda esteja disponível para o consumidor.
“Nós estamos fazendo o acompanhamento de como a operação policial aconteceu, se essa mercadoria ainda está nos frigoríficos, se ela está em trânsito ou se está nos supermercados. Mas penso eu que se essas mercadorias, se essa fiscalização ocorreu há mais de dez dias, muito provavelmente ela não está mais nos supermercados, ela já foi consumida”, afirmou.
Reuniões técnicas
Uma das maiores preocupações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é atender aos questionamentos dos compradores de carne brasileira em outros países. Técnicos da consultoria jurídica e das secretarias de Defesa Agropecuária e de Relações Internacionais da pasta estão reunidos hoje (18) para analisar a decisão judicial de 350 páginas que autorizou a operação e também detalhes como legislação e emissão dos selos de inspeção sanitária (SIFs) para as empresas envolvidas.
A intenção é saber, por exemplo, se as unidades que foram interditadas exportavam carne e para quais países ou se vendiam apenas no mercado interno e em que estados.
Na segunda-feira (20), os consultores jurídicos também irão a Curitiba (PR) buscar informações específicas com a Polícia Federal e visitar as empresas envolvidas para iniciar uma auditoria sobre o assunto. A intenção é ter acesso, inclusive, aos laudos periciais relacionados à operação para tomar providências em relação às empresas.
Segundo informações da Mapa, em 2016, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de carne bovina. Os principais destinos foram Hong Kong, Egito, China e Rússia. Também foram exportados cerca de 3,9 milhões de toneladas de carne de frango in natura, cujos principais compradores foram Arábia Saudita, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Hong Kong. No mesmo ano foram abatidas 42,3 milhões de cabeças de suínos para o mercado interno e externo.
Operação Carne Fraca
De acordo com as investigações da Polícia Federal, frigoríficos envolvidos no esquema criminoso "maquiavam" carnes vencidas com ácido ascórbico e as reembalavam para conseguir vendê-las. As empresas, então, subornavam fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que autorizassem a comercialização do produto sem a devida fiscalização. A carne imprópria para consumo era destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação. A Operação Carne Fraca foi deflagrada ontem (17).
Em Mato Grosso a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e o governo do Estado se manifestaram através de notas sobre o assunto:
NOTA À IMPRENSA ACRIMAT
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) manifesta apoio total e irrestrito à “Operação Carne Fraca”, deflagrada nesta sexta-feira (17) pela Polícia Federal para combater crimes que colocam em risco a saúde dos consumidores.
A Acrimat defende a apuração de todos os fatos e a devida punição aos envolvidos no sistema de corrupção investigado. A garantia da qualidade e a segurança alimentar dos consumidores dependem de ações como esta, que visam impedir a comercialização de produtos que colocam em risco a saúde das pessoas.
O Brasil é um dos principais produtores de proteína animal e responsável pela alimentação da população mundial devido aos critérios de segurança e sanidade animal adotados no país e reconhecidos internacionalmente.
Reafirmamos nossa confiança no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e no quadro de fiscais agropecuários comprometidos com o Brasil e com a população brasileira.
Associação dos Criadores de Mato Grosso – ACRIMAT
NOTA GOVERNO DO ESTADO
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) realizou uma reunião emergencial nesta sexta-feira (17.03) para discutir os possíveis impactos, em Mato Grosso, da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal. A reunião teve a presença de representantes do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) e do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) e ficou definido um novo encontro na próxima semana com todo o setor para tratar das ações pertinentes que devem ser tomadas para a preservação dos mercados internacionais.
A Sedec reafirma a relação de parceria, de confiança e respeito pelo trabalho desenvolvido pela Superintendência Federal de Agricultura no Estado de Mato Grosso (SFA-MT/MAPA), inclusive cooperando com o trabalho por meio do Indea-MT, acompanhando de perto as questões que envolvem a inspeção de origem animal no Estado.
A Secretaria ressalta também que os reais impactos ainda não podem ser totalmente avaliados, pois dependem da postura dos países compradores da carne brasileira.
Governo do Estado