O Brasil é o 66º mais inovador segundo o Índice Global de Inovação (IGI), entre 129 países. O país perdeu duas posições em relação ao ano anterior, em que ocupava o 64ª lugar. Suíça, Suécia, Estados Unidos, Países Baixos e Reino Unido lideram o ranking divulgado essa semana em Nova Deli, na Índia. A China, por sua vez, segue em ascensão, agora em 14º lugar entre as nações mais inovadoras, ultrapassando o Japão (15º).
A classificação é publicada anualmente pela Universidade Cornell, pela escola de negócios Insead e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).
Um dos fatores determinantes para o resultado foi a piora na avaliação dos insumos para inovação, que são o conjunto de ferramentas disponíveis no país para o desenvolvimento da inovação – o Brasil caiu de 58º para 60º lugar. Por outro lado, o país teve leve melhora de posição no subranking de resultados da inovação, saindo de 70º para 67º.
"Mais uma vez, o ranking demonstra que o Brasil tem um grande e importante trabalho pela frente para se tornar um país mais inovador, com desempenho proporcional ao tamanho da 9ª economia do mundo. Em um ambiente de crescente competição internacional, a inovação já é um grande diferencial e terá peso cada vez maior. É preciso agir e agir rápido", afirma Glauco Côrte, presidente em exercício da CNI.
“Para enfrentar obstáculos, temos de compreender o problema. O Índice Global de Inovação oferece-nos indicadores de informação que nos mostram onde se encontram os maiores desafios à inovação no Brasil", afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
CLASSIFICAÇÃO – O Índice Global de Inovação está na 12ª edição e se tornou uma ferramenta quantitativa detalhada que auxilia em decisões globais para estimular a atividade inovadora e impulsionar o desenvolvimento econômico e humano. O IGI classifica 129 economias com base em 80 indicadores, que vão desde as taxas de depósito de pedidos de propriedade intelectual até a criação de aplicativos para aparelhos portáteis, gastos com educação e publicações científicas e técnicas.
AMÉRICA LATINA – Apesar de ser a maior economia da região, o Brasil é apenas o 5º mais inovador entre as 19 economias da América Latina e Caribe, e segue atrás de Chile (51º), Costa Rica (55º) e México (56º). "O progresso do desempenho em inovação ainda é lento na América Latina e no Caribe, e o IGI indica que, apesar de melhorias incrementais e iniciativas encorajadoras, o potencial de inovação da região segue, em larga medida, inexplorado", afirma o documento.
Segundo a publicação, os brasileiros se destacam em pesquisa e desenvolvimento (P&D), tecnologias de informação e comunicação (TIC), comércio, escala de mercado e competição, trabalhadores especializados, absorção de conhecimento e criação de conhecimento, onde o Brasil aparece entre os 50 primeiros no mundo. O Índice também destaca a presença de empresas globais no país e ressalta que o Brasil é o único da região a abrigar um cluster de ciência e tecnologia de peso internacional.
ASCENSÃO CHINESA – Pelo sétimo ano consecutivo, a China é a primeira em qualidade de inovação entre as economias de renda média do mundo e alcança as primeiras posições em patentes, design industrial e marcas por origem, bem como exportações de alta tecnologia e de produtos criativos. Com 18 dos 100 mais importantes clusters de ciência e tecnologia, neste indicador, a China só fica atrás do líder EUA.
O documento também destaca que economias médias asiáticas têm sido destaque no desenvolvimento de P&D global e também no depósito de patentes pelo Sistema Internacional de Patentes da OMPI. Xangai é um dos hubs de inovação e tecnologia da China. Por outro lado, a publicação alerta para o "crescimento lento, senão nulo" dos investimentos públicos em P&D em economias de alta renda.
PROTECIONISMO AMEAÇA INOVAÇÃO – De acordo com a análise, "o aumento do protecionismo representa riscos. Se não for contido, acarretará desaceleração do crescimento da produtividade e da difusão das inovações em todo o mundo". O IGI deste ano também reforça a necessidade de desconcentração dos esforços e resultados da inovação. "Insumos e produtos de inovação continuam concentrados em pouquíssimas economias. O fosso também é observado na eficiência das economias para obter o retorno de seus investimentos em inovação. Algumas conseguem mais com menos", destaca o relatório.
“O Índice traz lições preciosas sobre a dinâmica da inovação global e destaca economias que se distinguem em inovação e as que têm mais sucesso transformando investimentos nos insumos de inovação em produtos de inovação. As lições desses líderes de inovação proporcionam orientações úteis sobre políticas de inovação para os demais”, explica Soumitra Dutta, ex-reitor e professor de Gestão da Universidade Cornell, co-editor do ranking.
QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA – Pesquisa recente da CNI, encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, mostra que um a cada três empresários acredita que a indústria brasileira precisará dar um salto de inovação nos próximos cinco anos para garantir a sustentabilidade dos negócios em curto e longo prazos. Para 31% de CEOs, presidentes e vice-presidentes de 100 indústrias – 40 de grande porte e 60 pequenas e médias – o grau de inovação da indústria será alto ou muito alto nos próximos cinco anos, principalmente por necessidade.
No entanto, a realidade atual mostra no último levantamento da Confederação Nacional da Indústria – CNI sobre inovação que apenas 6% dos CEOs consideram a indústria brasileira inovadora. Veja mais nessa publicação anterior do MT Econômico neste link.