Com os últimos depoimentos colhidos na semana passada pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquéirto (CPI) dos Frigoríficos em Mato Grosso,Ondanir Bortolini, Nininho já será possível fazer um levantamento do porquê de ações que causaram desemprego nas cidades onde unidades estavam em funcionamento.
Cerca de 100 pessoas estiveram presentes a Câmara Municipal de Nova Xavantina (630 quilômetros de Cuiabá), onde ocorreu o encontro, a segunda reunião especial nos municípios mato-grossense afetados pelo fechamento de plantas frigoríficas. Conduziram os debates também Eduardo Botelho (vice-presidente) e José Domingos Fraga (relator).
Nininho disse que “emos 42 frigoríficos instalados e apenas 50% deles funcionando. Com a colaboração de todos os envolvidos chegaremos à conclusão sobre os motivos”.
Ao se pronunciarem, produtores rurais da região do Vale do Araguaia pediram a ampliação do número de frigoríficos para o desenvolvimento do comércio livre e que respeite o produtor na hora de negociar preços. Infraestrutura de logística também estiveram entre os pedidos feitos pelos produtores.
O relator da CPI dos Frigoríficos, deputado José Domingos, afirmou que “diante de tudo que foi dito”, fará um relatório que possa dar subsídios para transformar os trabalhos e seus resultados em políticas públicas que dêem sustentabilidade ao produtor rural e que “o relatório será feito, não para prender alguém ou inviabilizar empresas, mas para que se estabeleçam políticas públicas eficazes e que caminhem para um ponto de equilíbrio entre o comércio do Estado de São Paulo e o de Mato Grosso”.
Oitivas – Falaram à CPI, o prefeito de Nova Xavantina, João Batista Vaz da Silva; o vice-prefeito de Barra do Garças, Irineu Piraní; os produtores rurais Eduardo Ribeiro da Silva e Anísio Junqueira Neto; o representante da empresa Marfrig, Ricardo Bueno Taufi Maluf; o representante da JBS, Marcelo Zanata Estevam; o representante da planta frigorífica SISE, Carlos José Sávio de Carvalho. O representante da Marfrig não conseguiu responder aos depoimentos, por isso, a CPI aprovou pedido de convocação do diretor geral da empresa, Martin Secco.
Representante de uma das maiores empresas sediadas em Mato Grosso, Marcelo Zanata, da JBS, afirmou que com o fechamento de algumas unidades, o volume de abate aumentou nas que permaneceram em funcionamento e houve migração dos empregos, e não o fechamento de vagas. “Fechamos algumas unidades, mas expandimos o abate em outras”, resumiu.
Ao falar sobre o histórico da empresa, Zanata afirmou que o crescimento da JBS é resultado do trabalho do proprietário João Batista Sobrinho, que abriu o capital da empresa em 2007 e vendeu ações na bolsa de valores ao BNDES”. Segundo Zanata, as ações foram compradas a R$ 6 ou R$ 7 e revendidas por até R$ 15. "Das 17 unidades frigoríficas da JBS em Mato Grosso, 11 estão funcionando e 6 paralisadas".
No entendimento dos integrantes da CPI, Marcelo Zanata entrou em contradição ao dizer que tinha 33 anos e há 25 anos atuava no mercado de carne. Ao ser questionado por Nininho, o representante da JBS assegurou que começou a trabalhar aos 9 anos. Nininho rebateu parte do depoimento de Marcelo e disse que ainda "há pontos a serem esclarecidos ao longo do trabalho da CPI”.
A CPI esta levantando ações ilegais de empresas em Mato Grosso que estão prejudicando os pecuaristas, além de causar demissões. Nininho alertou que os frigoríficos praticam preço desvalorizado da arroba do boi. "Queremos o equilíbrio que seja benéfico aos produtores, frigoríficos e sociedade em geral, empregando mais pais de famílias e não causando desemprego, como está acontecendo agora”, reforçou.
Sobre isso, o prefeito João Batista informou que a saída da planta frigorífica do municípío causou desequilíbrio na economia local, gerou desemprego, queda na arrecadação tributária e fiscal. Ainda segundo o gestor municipal, o impacto negativo atingiu comerciantes, produtores e fornecedores de matéria-prima aos frigoríficos.
O produtor rural Eduardo Ribeiro revelou que atualmente os produtores são obrigados a vender a uma única planta frigorífica, falta livre comercio e mais respeito na negociação dos preços. “Precisamos de empresas que tratem o produtor com respeito, a situaçao atual é desumana”, resumiu.
O presidente da Câmara Municipal de Nova Xavantina (630 quilômetros de Cuiabá), vereador Ney Wellinto do Nascimento (PSDB), fez o apelo para que "o trabalho da CPI seja uma radiografia do que vem ocorrendo, que seja divulgado para o povo, enviado para as autoridades para que sejam tomadas providências”.