Segundo análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE a economia global não deve se recuperar no próximo ano ou em 2021. O MT Econômico traz para você em conjunto com a IstoÉ os motivos dessa dificuldade de crescimento e possível estagnação no longo prazo.
As tensões comerciais entre Estados Unidos e China, conflitos no Brexit e a desaceleração chinesa são os principais motivos que podem fazer a economia mundial desacelerar nos próximos anos. Diante dos riscos, a OCDE alerta que os Estados devem reagir rapidamente.
Ao contrário do que apontou em setembro, a instituição internacional sediada em Paris estimou nesta quinta-feira (21) que o crescimento da economia mundial não chegará a 3% no próximo ano, mas deve permanecer no ritmo de 2,9% já esperado para este ano.
“Estamos em um período preocupante e os políticos devem estar preocupados”, alertou a economista-chefe da OCDE, Laurence Boone, sem rodeios em entrevista coletiva.
Porque, mesmo que a organização preveja uma leve recuperação em 2021 com uma progressão de 3% do PIB global, “essas taxas de crescimento são as mais baixas desde a crise financeira”, observou, apontando para a ameaça de uma “estagnação de longo prazo”.
Em questão, “mudanças estruturais não levadas em conta (pelos Estados) mais do que um eventual choque cíclico”, desenvolve a OCDE em seu relatório detalhado sobre as perspectivas econômicas globais até 2021, citando a digitalização da economia, mudanças climáticas e uma nova ordem comercial geopolítica e mundial desde o final dos anos 1990, marcada por um reforço das barreiras comerciais.
“Na ausência de uma política clara sobre esses quatro tópicos, a incerteza continuará pesando muito, penalizando as perspectivas de crescimento”, insiste.
Soma-se a isso a profunda evolução da economia chinesa, menos orientada para a exportação de manufaturados e mais para serviços e seu mercado interno, o que contribuirá menos para o crescimento do comércio mundial.
“Será um erro político considerar essas mudanças como fatores temporários que podem ser tratados pela política monetário ou fiscal: são estruturais”, alerta a instituição, reconhecendo ainda que a ação dos bancos centrais, sobretudo por meio da diminuição de taxas de juros, sustentou a economia mundial nos últimos anos”.
Momento de agir
Se o quadro é sombrio, nem tudo está perdido, de acordo com Boone. “Há muitas coisas que os governos podem fazer (…) e este é o momento”, disse ela.
Como vem fazendo há vários meses, como outras instituições internacionais, a OCDE apontou para o “desequilíbrio” entre políticas monetárias e fiscais e reiterou seu apelo a que mais países adotem políticas de “incentivo” para estimular o investimento a longo prazo, aproveitando as baixas taxas de juros.
Isso pode incluir a criação de fundos nacionais de investimento, aponta a organização, como o fundo de 50 bilhões de euros que a Holanda planeja lançar no início de 2020.
Também pede aos países que resolvam suas disputas comerciais. As medidas adotadas neste ano pelos Estados Unidos e pela China deverão reduzir o crescimento mundial de 0,3 a 0,4 pontos percentuais em 2020, e entre 0,2 e 0,3 pontos percentuais em 2021.
As economias americana e chinesa, as maiores mundiais, obviamente sofrerão, com crescimento esperado de 2,3% este ano, depois 2% em 2020 e 2021 nos Estados Unidos, apesar das medidas de apoio adotadas no nível federal.
Do lado chinês, a desaceleração continua com o crescimento do PIB esperado de 6,2% este ano, antes de cair abaixo de 6% no próximo ano (5,7%) e em 2021 (5,5%).
A zona do euro também é penalizada pelas tensões entre os dois gigantes mundiais, além do Brexit.
Desta forma, enquanto a França continua resistindo com um crescimento esperado de 1,2% em 2020 (inalterado) e 2021, após 1,3% este ano, a economia alemã deverá desacelerar mais do que o esperado no próximo ano antes de voltar a crescer em 2021.
Entre os países emergentes, a situação deve ser ainda mais crítica na Argentina, com uma recessão de 3% este ano, antes de melhorar um pouco em 2020 e um retorno ao crescimento esperado em 2021.
Mato Grosso
Se por um lado a economia mundial não vai bem e a nacional sofre para se recuperar, Mato Grosso tem crescido acima da média de outros estados, sendo um bom atrativo para investidores. Veja nessa publicação anterior do MT Econômico um estudo do último PIB estadual. Clique aqui.