Apontada como solução definitiva para evitar desmoronamentos de terra na MT-251 – rodovia que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães – e liberar o trânsito no trecho, a proposta de retirada do maciço rochoso na curva do Portão do Inferno apresentada pelo governo de Mato Grosso, na semana passada, vem sendo questionada por especialistas da área. Faltam informações e prazo e projeto não são executáveis da forma como o Estado planeja.
A proposta de retaludamento do morro no Portão do Inferno, na MT-251, não é uma obra para 120 dias, e marcada por dificuldades técnicas e complexas. A afirmação é do professor e geólogo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn. Para ele, não está claro como o projeto será executado.
O retaludamento é um processo de terraplanagem por meio do qual se alteram, por cortes ou aterros, os taludes originalmente existentes em um determinado local para se conseguir uma estabilização.
“Para fazer o retadulamento, você começa do topo para a base. Você precisa chegar com caminhão, equipamentos pesados ou retroscavadeira para retirar a rocha e não tem via de acesso para chegar ao topo e para carregar todo o material”, explica o geólogo.
Segundo Caiubi Kuhn, são cerca de 180 mil m3 de rocha ou terra. “É muito material, não tem via de acesso e sequer foi apresentado o local para descarte deste material”, disse em entrevista a uma TV da capital.
“Então, quando se analisa do ponto de vista do prazo que foi proposto e das dificuldades técnicas das vias de acesso, a gente consegue dizer, com certa certeza, que 120 dias não é ideal em termos de execução. Existe uma dificuldade técnica muito grande para a obra ser executada, o que pode acarretar num custo muito mais elevado para a obra ser terminada”, completou.
Conforme informações da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística, o retaludamento consiste na retirada do maciço rochoso na curva do Portão do Inferno e a criação de taludes, uma série de cortes, que funcionam como degraus para impedir os deslizamentos de terra. Com isso, a estrada será recuada em dez metros.
Essa opção foi escolhida levando em conta uma série de fatores: garante mais segurança quanto ao risco de quedas de blocos e também em relação ao possível colapso do viaduto, tem custo financeiro menor, prazo de execução mais rápido, menos complexidade e menos impacto socioeconômico ao município de Chapada dos Guimarães.
“Essa é uma obra que, dentro de todas as alternativas que existiam, e foram analisadas em torno de 10 alternativas, é a mais rápida, com menor custo e que vai resolver o problema, trazendo alívio para todos que usam a rodovia, principalmente, para a população de Chapada”, garantiu o governador Mauro Mendes, durante coletiva de imprensa para apresentação do projeto.
A empresa contratada foi a Lotufo Engenharia, que apresentou a melhor proposta financeira, de R$ 29,5 milhões.
O contrato já foi assinado, assim como a ordem de serviço, e as obras devem começar em até cinco dias após a autorização dos órgãos ambientais federais. A previsão é que os serviços sejam executados em um prazo de 120 dias, após a aprovação dos órgãos federais.