“O governo federal vai ter que bancar a BR-163 de Mato Grosso”, afirma Galvan sobre a estrada que tinha a empresa Rota do Oeste como concessionária, sendo que a mesma não continuará com as obras, devido ao rompimento do contrato realizado recentemente.
A afirmação foi feita pelo candidato ao senado Antônio Galvan, no evento ‘Diálogos da Fecomércio’, realizado na noite de terça-feira (13) com os postulantes ao cargo de senador por Mato Grosso. Participaram os candidatos Wellington Fagundes (PL) e Antônio Galvan (PTB). O candidato Neri Geller (PP) cancelou de última hora a sua participação.
A organização do evento dividiu os questionamentos por blocos, três para cada candidato. As perguntas foram realizadas por convidados, através de sorteios.
Os blocos foram: Reforma Administrativa e Tributária; Formulação de Leis que atendam o Desenvolvimento Comercial e Industrial do Brasil e de Mato Grosso; Ambiente de Negócios; Infraestrutura, Logística, Modernização do Estado Brasileiro e Integração através dos Diversos Modelos do Transporte.
Das três perguntas por bloco, cada candidato tinha dois minutos e meio para as respostas. Um dos temas que surgiu foi a atual situação da BR-163, uma das mais importantes do Brasil, incluindo Mato Grosso, devido ao escoamento da produção agrícola.
Questionado sobre o assunto, o candidato ao senado Antônio Galvan (PTB) trouxe uma abordagem a ser pensada pelos governantes em relação à BR-163, diante da devolução da concessão da Rota do Oeste ao governo, fato que demandará um novo prazo de relicitação da estrada, segundo já noticiado pelo MT Econômico, que pode chegar de dois a três anos, causando paralisação dos investimentos necessários ao fluxo crescente de veículos, principalmente de carretas que escoam a safra mato-grossense. Isso pode causar uma ‘tragédia’ logística, segundo artigo do jornalista e analista político Onofre Ribeiro, publicado essa semana.
“A estimativa é que em 2030 o Estado esteja produzindo 130 milhões de toneladas (dados do Imea). Isso significa 50 milhões de toneladas novas nesses próximos 8 anos. Isso dará 6 milhões e 200 mil toneladas novas a cada ano. Bom lembrar que a expectativa de conclusão da ferrovia Ferronorte até Lucas do Rio Verde será em 2028. Até lá a BR-163 será um completo caos com os acréscimos na produção”, ressaltou Onofre Ribeiro em seu artigo, entitulado BR-163, tragédia anunciada.
O MT Econômico esteve presente no evento da Fecomércio e preparou uma matéria especial sobre o tema BR-163 e os possíveis entraves logísticos, segundo o questionamento dos convidados do evento aos candidatos ao senado.
O vice-presidente da Sincofarma-MT, Hamilton Domingos Teixeira perguntou ao candidato Galvan, caso for eleito, como pretende reduzir os acidentes da BR-163, já que a mesma é conhecida como ‘rodovia da morte’ e terá a duplicação paralisada, diante do rompimento da atual concessão.
Antônio Galvan disse que “a 163, infelizmente é essa burocracia mesmo, até você licitar de novo! Agora só tem uma solução, o governo federal vai ter que bancar ela [a rodovia] para fazer. Duvido que vai ter alguém [empresa licitante] que vai pegar essa rodovia para duplicar. Que valor vai custar o pedágio?”
Galvan reforça seu argumento dizendo que a MT-010 e a MT-140, são duas rodovias que competem com a BR-163. Segundo ele, futuramente, com a ferrovia chegando a Lucas do Rio Verde, a BR-163 vai ter uma redução considerável no tráfego. Dessa forma, esse é o tipo de obra que o governo federal presaria ‘arcar’ com os custos para futuramente licitar, já que na opinião do candidato, nenhuma empresa privada estaria disposta a custear os gastos da rodovia.
O candidato Wellington Fagundes (PL) disse ser necessário ter mais segurança jurídica para que haja um bom ambiente de negócios aos investimentos privados de longo prazo, como estradas, por exemplo. “Nós temos aqui a BR-163. Todas as concessões feitas no governos passados não deram certo. Por que não deram certo? Porque o governo fez um contrato e não assumiu o seu compromisso. Disse que ia ter o financiamento de longo prazo e não aconteceu. Isso ocorreu no Brasil inteiro, sabe por quê? Porque todo o governo que entra quer fazer a sua política e mudar as regras”.
Embora seja um grande conhecedor da BR-163, Wellington não aprofundou no assunto e não voltou a falar sobre a rodovia.
BR-163
Próxima aos municípios de Sorriso e Sinop, a BR-163 é a principal via de escoamento de grãos da produção agrícola de Mato Grosso e outras regiões do país. Ela liga o norte do Estado ao Porto de Miritituba, no Pará. Possui cerca de 850 km de extensão em território mato-grossense. Diante do alto número de acidentes e grande fluxo de carros, caminhões e carretas, a estrada é conhecida como ‘rodovia da morte’, sendo a que possui maior número de mortes no Estado, de acordo com a Confederação Nacional de Transportes (CNT). Somente no ano passado, morreram 223 pessoas, cerca de 41 acidentes com vítimas a cada 100 km de rodovia em MT, segundo o estudo.
No Brasil, a BR-163 possui 3579 km de extensão, ligando o interior do Rio Grande do Sul ao interior do Pará, passando pelos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Em 2014, a empresa Rota do Oeste, assumiu a concessão da BR-163 e de lá para cá, duplicou cerca de 45 km dos 453 km previstos no projeto entre a divisa de Mato Grosso do Sul até Rondonópolis. Ao todo, 850,9 km passam pelo Estado, sendo que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) havia ficado responsável pela duplicação dos outros 400 km.
Conforme noticiado pelo MT Econômico, em julho deste ano, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), aprovou a relicitação da BR-163 e deve ocorrer daqui a três anos.
A nova empresa licitada “poderá” cobrar o dobro do valor do pedágio atual, prejudicando os motoristas. Nesse período de escolha da nova licitante, as obras devem ficar paralisadas, causando transtornos com o crescente fluxo de veículos e principalmente podendo ‘travar’ o escoamento da safra agrícola de Mato Grosso.
Matéria especial MT Econômico: Isadora Sousa e Alessandro Torres
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