O Brasil vem passando atualmente por uma das piores recessões da história desde a década de 80. O período de 2014 a 2017 foi marcado pelo desemprego, redução da produção, fechamento de empresas e queda do produto interno bruto (PIB).
Desde 2018 os indicadores da economia começaram a demonstrar reação, no entanto, ainda de forma lenta, segundo avalia a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, que esteve em Cuiabá ontem (06), no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) em Cuiabá apresentando as perspectivas econômicas para 2020 .
O evento teve seu enfoque nos jornalistas de Mato Grosso que representam os veículos de comunicação da capital. Também contou com a presença de representantes de setores econômicos do estado, empresários e formadores de opinião.
O presidente da CDL Cuiabá, Nelson Soares Junior fez uma homenagem à imprensa por meio do jornalista Onofre Ribeiro, entregando um kit aos profissionais que disseminam as informações diariamente e possuem um papel relevante na sociedade, segundo Nelson.
"Os jornalistas são fundamentais para informar a comunidade local no contexto dos principais acontecimentos. Estou fazendo essa singela homenagem em nome do decano da profissão Onofre Ribeiro que todos já conhecem e isso se estende a todos os profissionais da imprensa", disse o representante do setor do comércio de Cuiabá.
A CDL Cuiabá trouxe a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, para demonstrar a perspectiva da economia para este ano.
Durante sua apresentação, ela disse que embora existam fatores que desafiam a economia mundial e brasileira, como o coronavírus, guerra comercial entre Estados Unidos e China, ataque ao Irã, eleições americanas este ano e instabilidades políticas no caminho, Marcela acredita que o ambiente econômico interno favorável no Brasil deve ajudar o país a enfrentar esses desafios e com isso, ser menos impactado com as adversidades do mercado global.
Marcela fez um panorama sobre o cenário brasileiro destacando os seguintes pontos que podem ajudar o Brasil a enfrentar a crise econômica.
“A velocidade do crescimento aumentou. Se não crescermos nada este ano já atingimos 1%. O crédito está se recuperando. Existe liquidez no mercado e os bancos estão emprestando mais. Com isso, o PIB deve aumentar em 2020”, disse Marcela.
Além disso, ela destacou que a confiança do consumidor está crescendo e os brasileiros estão conseguindo reduzir as dívidas. A queda da inadimplência geral foi de 0,18% no final de 2019, conforme dados do SPC Brasil. Os bancos tiveram redução de 1,86% dos devedores. Os serviços de comunicação foram os que mais tiveram redução de inadimplência entre os demais setores, registrando 16,37% de queda. [Neste aspecto, a queda é um fator positivo].
Mesmo assim, vale lembrar que no Brasil, ainda existem 61 milhões de inadimplentes atualmente. Em Mato Grosso, por exemplo, esse número totaliza 1,15 milhão de devedores, num total de 3,4 milhões de habitantes no estado.
Outro aspecto citado por Marcela Kawauti é o controle da inflação, que deve alcançar, em 2020, 3,6% e em 2024, 3,5%. Esse indicador tem apresentado estabilidade nas projeções.
Um fato relevante ocorrido essa semana, na quarta-feira (5), foi a redução da taxa Selic. O Copom baixou mais uma vez a taxa básica de juros e hoje está em 4,25%. Isso deve ajudar as empresas e consumidores.
Os juros baixos e a retomada da economia são fatores que os empresários apostam para obter crédito mais barato e financiarem a expansão dos seus negócios. O consumidor também deve se beneficiar com a redução dos juros nos empréstimos bancários, ficando o dinheiro mais barato no mercado.
Mercado de Trabalho
A crise fez com que o mercado de trabalho tivesse muitas oscilações. Em 2014, no mês de dezembro, 92,87 milhões de pessoas estavam ocupadas no país, segundo o IBGE. Em 2017 esse número já tinha sido reduzido para 89,94 milhões (-4,2%). Já em novembro de 2019, o número de pessoas trabalhando aumentou para 94,41 milhões (+6,2%). Esse número representa o total de pessoas trabalhando de alguma maneira, seja por CLT, contrato jurídico ou de forma autônoma, segundo Marcela.
A recuperação da atividade profissional ocorreu principalmente devido às novas relações de trabalho entre as pessoas, incluindo a expansão dos aplicativos de serviços, como de transporte e entrega delivery, o trabalho intermitente, entre outros meios informais que não se enquadram apenas no regime da CLT.
Embora o ambiente interno esteja favorável, por outro lado, algo que preocupa o mercado é a capacidade ociosa produtiva estar elevada. Os empresários do setor industrial, por exemplo, um dos mais afetados durante a crise, estão vendo formas de como sobreviver às adversidades do mercado.
Neste assunto de retração da indústria, foi publicado no MT Econômico um artigo sobre o “Declínio da Indústria” da presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (Aedic). Veja mais aqui.
De modo geral, além dos indicadores econômicos estarem em recuperação, o ambiente de negócios também está melhorando no país. Entre os fatores que contribuem com isso estão a reforma da previdência, reforma fiscal, reforma trabalhista, reforma tributária e a reforma administrativa, sendo que as duas últimas citadas devem ser intensificadas em 2020.
"O país que tem mais previsibilidade e segurança jurídica atrai mais investidores, gerando emprego, renda e fomento à economia dos estados e municípios", finaliza Marcela Kawauti em sua apresentação em Cuiabá.