O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, pediu demissão do cargo após as denúncias de ligação dele e do filho com envolvidos no leilão de arroz da Conab. “Hoje pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou, fez ponderação, quando o filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de Política Agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que, de fato, gerou e por isso colocou cargo à disposição”, anunciou o ministro
De acordo com Fávaro e com o presidente da Conab, a situação de Thiago dos Santos, o diretor de operações e abastecimento da Conab e ex-assessor de Geller, ainda será avaliada.
A saída de Geller foi aceita e confirmada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na saída da reunião no Palácio do Planalto, no fim da manhã desta terça (11).
O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou a anulação do leilão de arroz realizado no dia 6 de junho, em que 263 milhões de toneladas do cereal foram arrematadas. “Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos para que a gente possa ter garantia de que vamos contratar empresas com capacidade técnica e financeira”, disse Edegar Pretto.
LEILÃO DO ARROZ – Na última semana, o Brasil comprou 263,37 mil toneladas de arroz. O volume adquirido corresponde a 87,79% do total de 300 mil toneladas do pedido inicial do governo. Para comprar o produto, a Conab desembolsou R$ 1,3 bilhão, dos R$ 1,7 bilhão liberados.
O pré-leilão foi marcado por uma batalha judicial para impedir a compra do produto importado, motivada pela resistência de setores produtivos gaúchos e parlamentares da oposição. Mas, ao fim, a aquisição foi autorizada pela Justiça Federal.
Na última quinta-feira (6/6), o Brasil comprou a primeira remessa do alimento importado para conter eventual alta de preços após as enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional de arroz.
“Começaram os questionamentos se essas empresas têm capacidade técnica e financeira de honrar os compromissos com a quantidade expressiva de dinheiro público”, disse. “Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter as garantias que vamos contratar empresas com capacidade técnica e financeira”, explicou Pretto.
SUSPENSÃO – Há pouco, o governo federal anunciou a decisão de anular o leilão do último dia 6 de maio e cancelou a compra das 263,3 mil toneladas de arroz. Segundo Fávaro, a avaliação do governo é que, do conjunto das empresas vencedoras do leilão, uma maioria tem “fragilidades”, ou seja, “não tem capacidade financeira de operar um volume financeiro desse tamanho”. As mais de 260 mil toneladas de arroz arrematadas correspondem a 87% das 300 mil toneladas autorizadas pelo governo nesta primeira operação. No total, mais de R$ 7 bilhões foram liberados para a compra de até 1 milhão de toneladas.
“A gente tem que conhecer a capacidade [das empresas], é dinheiro público e que tem que ser tratado com a maior responsabilidade”, disse Fávaro, explicando que nenhum recurso chegou a ser transferido na operação.
As empresas participam do leilão representadas por corretoras em Bolsas de Mercadorias e Cereais e só são conhecidas após o certame. Um novo edital será publicado, com mudanças nos mecanismos de transparência e segurança jurídica, mas ainda não há data para o novo leilão.
*Atualizada às 14h24 para inserção de informações (com Agência Brasil)