A queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,1% em 2020 fez o Brasil sair do ranking das 10 maiores economias do mundo. Em 2019, o país ocupava a 9ª posição e agora caiu para 12ª colocação. O resultado foi divulgado essa semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
A atividade econômica registrou a maior queda desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. A queda interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%, segundo o instituto. Entre os setores que tiveram queda estão Serviços (-4,5%) e Indústria (-3,5%). Houve alta somente no setor de Agropecuária (2%).
Segundo apurado pelo MT Econômico, especialistas avaliam o impacto dessa queda no principal indicador econômico do país.
Nelson Barrizzelli, economista e coordenador de projetos da Fundação Instituto de Administração, disse que uma recuperação de fato levará alguns anos. "2021 será mais um ano perdido, com PIB entre 1% e 2%. Será o sétimo ano com crescimento abaixo do necessário para um país com 210 milhões de habitantes. As razões se devem ao acúmulo de problemas, ao aumento da pandemia, ao forte déficit fiscal, à impossibilidade de avançar sobre o teto de gastos e à necessidade de atender 45 milhões de pessoas que trabalham hoje para comer amanhã", explica.
De acordo com João Beck, economista e sócio da BRA Investimentos, após um crescimento de 7,7% no terceiro trimestre, o quarto trimestre teve um resultado até mais forte do que era o esperado. "No quarto trimestre, o crescimento do consumo das famílias e da indústria ainda se apoia por resultado do auxílio emergencial, mas também por alguma retomada leve e gradual na economia, além de uma ajuda do dólar mais alto", disse por meio de nota enviada ao MT Econômico.
Rossano Oltramari estrategista e sócio da 051 Capital, avalia que, para o investidor, o cenário é difícil para tomada de decisões ainda mais com a recente intervenção do governo na Petrobras, que teve reflexo negativo no mercado. "Para quem toma decisão de investimento, o cenário é péssimo. Conversei com muita gente no mercado. Incerteza é a pior coisa para o investidor, e estamos vivendo isso", disse.
Segundo Oltramari, é fundamental que o investidor tenha muita cautela nesse momento de tantas incertezas. "Na bolsa, ações de empresas boas caíram fortemente nas últimas duas semanas nos setores de construção civil, varejo e saúde, o que pode ser uma oportunidade. Mas o risco também aumentou. O investidor pessoa física tem que ter muita cautela", complementa.
Consumo das famílias tem pior desempenho em 25 anos
O consumo das famílias fechou o ano com a variação negativa mais intensa (-5,5%) de toda a série atual do PIB, iniciada em 1996. Antes, o pior resultado deste componente havia sido registrado em 2016, quando recuou 3,8%.
Segundo o IBGE, o tombo foi pressionado principalmente pelas medidas de distanciamento social e pelos efeitos negativos da pandemia sobre o mercado de trabalho e sobre os serviços prestados às famílias.
Por outro lado, os programas de apoio do governo às empresas e às famílias ajudaram a segurar o tombo no consumo das famílias.
Exceções de crescimento em 2020
Apesar da queda no PIB em 2020, quatro atividades tiveram resultado positivo no ano. Somadas, estas quatro atividades representam 1/4 da economia brasileira. São elas:
- Atividades financeiras: 4,0%
- Atividades imobiliárias: 2,5%
- Agropecuária: 2,0%
- Indústria extrativa: 1,3%