Comerciantes do Centro Histórico de Cuiabá se reuniram em audiência pública nesta quinta-feira (21), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), para debater ações eficazes no combate ao consumo, tráfico de drogas e delitos de roubos e furtos que assolam o centro da Capital.
Além da questão social, inúmeros prejuízos econômicos desmotivam os empresários que possuem suas instalações na região central de Cuiabá. O comerciante Ricardo Simões Palma de Arruda, proprietário de 15 imóveis na redondeza, reclamou da insegurança no local e prejuízos financeiros, já que a procura por aluguel caiu drasticamente.
“Pergunta para qualquer um se quer ir para o Centro. Ninguém quer ser alvo de vandalismo, região de tráfico de drogas, anarquia total”, reclamou o comerciante à reportagem do MT Econômico.
Segundo o comerciante, alguns estabelecimentos estão fechando as portas por causa da insegurança, e não há um plano diretor por parte da Prefeitura de Cuiabá, para amenizar a situação.
“Não há um plano diretor para o centro da cidade, onde podemos recorrer? Vai virar uma Venezuela? Agora a Prefeitura vai fazer um loteamento das praças, leilão de praça pública, isso é brincadeira”, questionou.
Para o tenente coronel PM Gilcimar Mendes Correa, comandante do 10° BPM, responsável pelo patrulhamento que inicia na rua Barão de Melgaço e se estende até o Distrito da Guia, não é papel da Polícia Militar atuar na assistência social, esse papel é da administração pública.
“A origem do problema não tem nada a ver com a Polícia Militar. Nós temos bares que funcionam como prostíbulos, temos hotéis que funcionam como motéis e tem toda a documentação possível”, explicou à reportagem.
De acordo com o comandante, poucos comerciantes não têm uma história triste para contar, de prejuízos econômicos ocorridos várias vezes e inclusive, sabe quem foi o autor, mas não busca fazer registro de ocorrência.
“É importante que se faça essa discussão antes que isso acabe expulsando o cliente e por conseqüência o fechamento dos comércios, e daí no momento que deixa de ser interessante no aspecto econômico, as casas passam a ficar abandonadas e aí eu tenho a ocupação desordenada, o que dificulta inclusive o trabalho da Polícia Militar naquela região central, e isso já é uma realidade”, acrescentou o comandante.
O autor da audiência pública, deputado Elizeu Nascimento (DC), disse que já realiza a conscientização sobre os problemas sociais que as pessoas em situação de vulnerabilidade passam há tempos, inclusive, com aprovação de lei municipal no ano passado, quando ainda atuava como vereador, que trata da reinclusão dos dependentes químicos à sociedade e as famílias.
“A Prefeitura tem que assumir a responsabilidade de implantar um centro de tratamento, que já deveria ter sido providenciado em 2018, para estar com as portas abertas em 2019, pelo menos uma redução nós teríamos ali na região do Centro Histórico”, justificou o parlamentar.
Um documento com propostas alternativas que serão encaminhadas ao governo, através da Secretaria de Estado de Segurança Pública foi elaborado ao final do evento, com o objetivo de buscar um novo caminho implementando políticas de reconstrução da vida das pessoas em situação de vulnerabilidade com o auxílio das casas terapêuticas.
Dados
Conforme a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) houve crescimento nos números de furtos na região. Nos sete primeiros meses de 2017 foram registrados 1.032 furtos. No mesmo período, em 2016 foram 923 casos. As informações compreendem as regiões Centro-Norte e Centro-Sul, que abrangem algumas das principais avenidas de Cuiabá, incluindo a Mato Grosso, Dom Bosco e proximidades do Porto.