A 28ª Confederação das Partes (COP 28), que este ano foi em Dubai nos Emirados Árabes Unidos, teve início no dia 30 de novembro e encerrou ontem, dia 12 de dezembro. Dentre os principais pontos discutidos, o Brasil se tornou destaque em diversos aspectos.
O MT Econômico preparou essa matéria especial para trazer os pontos mais relevantes do Brasil e um panorama geral do que ocorreu no evento.
O primeiro ponto de destaque é a escolha de Belém, capital do Pará, para ser sede da COP 30, que deve ser realizada entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
Outro ponto de destaque é o plano Florestas Tropicais para Sempre (FFTS), apresentado no dia 1 de dezembro, o FFTS tem como objetivo ser um modelo de financiamento para que os países preservem as suas florestas.
O plano buscará captar US$ 250 bilhões e pode beneficiar pelo menos 80 países que possuem florestas tropicais, a partir de recursos de múltiplas fontes – investidores privados e institucionais, filantropias, fundos bilaterais e multilaterais, e principalmente fundos soberanos, criados por alguns países para acumular riquezas.
Há grandes chances do fundo decolar. E o Brasil, com 60% de seu território coberto por florestas, será um dos protagonistas nessa tarefa.
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O presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, em entrevista ao Um Só Planeta, destacou o papel das florestas na manutenção da segurança e equilíbrio climático, “O pessoal descobriu que as florestas não são o pulmão do mundo [os oceanos fazem esse papel], mas elas são o grande ar-condicionado do Planeta”, declarou.
Para quem tem uma árvore plantada em casa, sabe que se ficar embaixo dela, o clima é mais fresco do que estar embaixo de uma sombra de concreto e isso não é por acaso.
As árvores, conseguem absorver quase 30% das emissões anuais de CO2, vilões do aquecimento global, elas são responsáveis por resfriar a temperatura da Terra em pelo menos 1°C, por exemplo.
“Claro que não significa que o setor florestal é quem vai salvar o clima, mas sem as florestas, esquece, não tem como pensar em soluções”, finalizou o presidente.
Ainda ganhando destaque na COP 28, as associações que representam as indústrias de cana-de-açúcar, bioenergia, papel, celulose, mineração, petróleo e gás assinaram, no dia 11 em Dubai, um acordo para reduzir a intensidade de carbono de suas emissões.
Em um compromisso que inclui 17 ações, o documento foi firmado em meio às discussões da COP28 pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
Entre as possíveis sinergias está a possibilidade de a indústria de biocombustíveis ajudar a reduzir a pegada de carbono do setor de gás natural, por meio do uso compartilhado de dutos, que poderiam ser compartilhados com o biometano.
Já as usinas de etanol de milho poderiam utilizar a biomassa gerada pela indústria de papel e celulose para abastecer suas caldeiras e superar um dos gargalos do setor. Na mineração, as empresas poderiam ter acesso a uma energia que contribua para descarbonizar o processo mineral.
Histórico das COPs
As nações se uniram pela primeira vez em 1995, em Berlim, para tentar solucionar a crise climática e desde então, uma vez por ano, os países se reúnem em uma cidade sede escolhida previamente.
Durante o Acordo de Paris, em 2015. À época, 195 países se comprometeram a combater o aquecimento global, que nada mais é do que uma reação do planeta ao que ficou conhecido como “economia marrom”.
Esse termo foi criado para se referir ao período da industrialização mundial, em que as fábricas começaram a operar. Houve muita utilização de materiais fósseis, como o petróleo e carvão, por exemplo.
A consequência foi que em pouco mais de 100 anos, o planeta terra esquentou mais do que era esperado para esse período. Desde 1850, a temperatura subiu 1,1 graus Celsius.
Hoje, os efeitos do que foi feito no passado são sentidos constantemente, com ondas de calor, chuvas e friagem intensa, todos fora de época. Esse ano, ainda teve o agravante climático, o fenômeno El Niño, que desregulou ainda mais as temperaturas.
Conforme já noticiado pelo MT Econômico, durante o Acordo de Paris, realizado em 2015, uma das principais metas estabelecidas era manter a temperatura da Terra em até 1,5°C. Entretanto, durante a 27ª edição da Conferência das Partes (COP-27) que ocorreu no Egito, no ano passado, os cientistas alertaram que as chances de manter a limitação de temperatura estão diminuindo, já que a emissão de gases do efeito estufa está cada vez maior. O que faz com que alternativas como a economia verde sejam buscadas de forma imediata para desacelerar o avanço da temperatura mundial.
Na COP 28, foram apresentadas pesquisas e relatórios que constam que sem um compromisso ambicioso, em sete anos, a Terra já estará 1,5ºC mais quente que no período pré-industrial.
“Devemos alcançar um resultado que respeite a ciência e mantenha a meta de 1,5°C ao nosso alcance”, defendeu o presidente da COP 28, Sultan Al Jaber, na véspera do encerramento oficial da conferência da ONU sobre o clima, no último dia 11.
Embates COP 28
Um dos principais embates dessa edição (COP 28) foram as fontes de energia renováveis versus as não renováveis.
A União Europeia e países mais atingidos pelas catástrofes queriam o fim dos combustíveis fósseis e tinham a expectativa de triplicar a capacidade de energia renovável até 2030.
A Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), da qual o anfitrião, Emirados Árabes, é membro, não queria menção sobre os hidrocarbonetos no texto, o que causou debates e discussões na segunda-feira 11, já que cerca de 120 países aprovavam o acordo da triplicação das energias renováveis até 2030.
Por fim, os países entraram em acordo hoje (13), aprovando o texto com o objetivo de reduzir drasticamente a utilização de combustíveis fósseis. O acordo está sendo chamado de transição de combustíveis fósseis e faz apelo para que os países abandonem rapidamente os sistemas energéticos de combustíveis fósseis de uma forma justa e ordenada. As nações também são chamadas para contribuir para esse esforço de transição global.
Apesar desse acordo não ser exatamente o que boa parte dos países desejavam — acabar completamente com a utilização dos combustíveis fósseis — é um texto esperado e com um resultado agradável, já que nenhum texto anterior da COP mencionou o abandono do petróleo e do gás. A rapidez com que essa nova meta será tirada do papel vai depender de investidores, consumidores e governos nacionais de cada nação.
O texto também inclui acordos para triplicar a implantação de energias renováveis e duplicar a taxa de ganhos de eficiência até ao final da década.
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