A cada ano fica evidente a proporção da crise ambiental com que o planeta está lidando e uma solução que surgiu a curto prazo é a Economia Verde. Mas afinal, o que é esse sistema? O MT Econômico preparou uma matéria especial que traz o conceito desse tema e suas soluções.
Algo que pode ser observado com frequência, são os desastres naturais que a cada ano aparentam ter mais impacto nas cidades. Enchentes, mudanças climáticas drásticas, tudo isso está ligado ao aquecimento global e ao descaso do ser humano para com a natureza.
Em Cuiabá, por exemplo, a sensação é que a cada ano a cidade fica ainda mais quente. Um estudo publicado pela revista cientifica Nature Sustainability, em maio, mostra que até meados 2100 cerca de 2 bilhões de pessoas, aproximadamente 22% da população mundial atual, pode vir a óbito devido ao aumento de 4,8°C na temperatura do planeta.
Mato Grosso é um estado naturalmente quente, com sua localização no ponto central da América do Sul, o Estado possui três tipos de bioma: o pantaneiro, o do cerrado e o da floresta amazônica, o que justifica alguns municípios serem mais frescos que outros.
Entretanto, assim como boa parte do Brasil, o Estado enfrenta anualmente queimadas em grande escala, principalmente nos meses de agosto e setembro (que costumam ser os períodos mais secos). O que a longo prazo vai acabar se tornando um problema, já que as florestas que são queimadas ajudam a controlar o clima e o calor insuportável desses meses. Além, é claro, de toda essa fumaça ir para a atmosfera e acabar ajudando no aceleramento do efeito estufa.
Fora as queimadas, existem outros fatores que aos poucos vão contribuindo mais e mais para a destruição do planeta, como o consumo desenfreado e os descartes inapropriados de tecnologia e lixos diários, como o plástico. O descarte indevido desse material faz com que ele vá parar nos bueiros, o que ocasiona enchentes em períodos de chuva fazendo com que todo esse lixo desague nos rios e polua as águas e o ecossistema que ali habitam.
A economia verde, tem como objetivo reciclar e reutilizar boa parte desses materiais, além de evitar ou diminuir o uso de combustíveis fósseis.
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Economia Verde
A economia verde começou a ser falada a partir de 2008 através da iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e tem como objetivo promover igualdade social e cuidar do meio ambiente, tentando reparar a saúde do planeta ao encontrar fontes alternativas de energia.
A proposta surge como uma solução para a chamada “economia marrom”, que nada mais é do que o método utilizado desde a industrialização, onde se usa combustíveis fósseis e matérias primas para alimentar a indústria, consequentemente desgastando o planeta ao emitir uma quantidade de poluição maior do que o meio-ambiente pode combater, prejudicando o bem-estar social.
O objetivo principal da economia verde ou ecodesenvolvimento, como também é conhecido esse sistema, é estimular a geração de emprego e produção de renda para toda a população, realizar medidas para reduzir os efeitos dos gases-estufa e ampliação das bases energéticas (com fontes alternativas e limpas – como a luz do sol, por exemplo).
No Brasil, a maioria das empresas já pratica pelo menos uma ação sustentável. Em recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 98% das 500 empresas que fizeram parte do recorte do estudo praticam gestão de resíduos e redução do desperdício de água e energia.
Ainda de acordo com o estudo, 94% dos empresários percebem oportunidades nas ações de sustentabilidade e os principais motivos para que eles tenham começado a implementar ações sustentáveis em suas empresas varia desde melhorar a reputação perante a sociedade e aos consumidores, até atender exigências regulatórias passando por redução de custos e aumento da produtividade.
O que faz com que o conceito de Economia Verde acabe recebendo diversas críticas tanto de ambientalistas quanto de ativistas ambientais.
Apesar das críticas e das falhas que o sistema possui, a economia verde no momento, é a solução mais rápida para tentar reverter o quadro climático do planeta e a que vem sendo melhor aplicada, especialmente após a implementação da Agenda ESG.
Agenda ESG
Nos anos 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU), lançou o seu Pacto Global, que tinha como principal objetivo alinhar as estratégias e operações das grandes empresas com aos Dez Princípios Universais na área de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Corrupção.
Entretanto, somente em 2020 que essas questões ficaram ainda mais sérias com a criação da Agenda ESG, que nada mais é do que o compromisso firmado por diversas empresas do mundo todo para colocar os critérios em prática. Sendo eles:
Environmental (ambiental); proteger e preservar os recursos naturais, reduzir emissão de gases poluentes e fiscalizar o descarte indevido de lixo.
Social; que preza pela geração de empregos, qualidade de trabalho adequadas, preocupação com os colaboradores da empresa e qualidade de vida.
Governance (governança): que fiscaliza a atuação das empresas, suas práticas operacionais e políticas de anticorrupção.
A Agenda ESG, caminha de mãos dadas com a Economia Verde, em uma via de mão dupla em que as empresas utilizam do sistema e da Agenda para melhorar os seus lucros, produção e imagem e o planeta começa a receber a devida atenção que merece.
O que pode ser feito
Durante o Acordo de Paris, realizado em 2015, uma das principais metas estabelecidas era manter a temperatura da Terra em até 1,5°C. Entretanto, durante a 27ª edição da Conferência das Partes (COP-27) que ocorreu no Egito, no ano passado, os cientistas alertaram que as chances de manter a limitação de temperatura estão diminuindo, já que a emissão de gases do efeito estufa está cada vez maior.
O maior problema atualmente é sem sombra de dúvidas, os combustíveis fósseis, além é claro, de gases que contribuem para o aumento do efeito estufa. Apesar das medidas, desde o acordo de Paris até a última Conferência do Clima, pouca coisa foi de fato solucionada.
Ainda há uma emissão desenfreada de gases por partes de grandes empresas, multinacionais e indústrias, o que é a maior parte do problema, mas não todo ele. Países precisam reforçar suas medidas para combater o aquecimento global, melhorar os seus incentivos à iniciativa privada e se necessário, melhorar suas punições.
Aqui no Brasil, por exemplo, a Lei nº 12.305/10 – conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), implementada em 2012, tem como objetivo atribuir responsabilidade sobre o descarte indevido de materiais tanto em pessoa física quanto jurídica.
Agora a questão principal é, além das grandes empresas, indústrias e dos órgãos responsáveis, as pessoas também precisam querer mudar seus hábitos e passar a cuidar melhor do planeta. Evitar o uso desnecessário de plástico, reciclar embalagens e descartar de forma correta o lixo são algumas das ações que podem ser feitas para contribuir com a melhoria do planeta que todos habitam.
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