Em pronunciamento na última terça-feira (08) no senado, Jayme Campos (DEM-MT) pediu que o governo federal adote uma tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) diferenciada para a Região Amazônica e regiões de difícil acesso.
“Um grave dilema da saúde pública é a concentração de médicos nas grandes cidades. Enquanto nas capitais o número de profissionais é elevado; no interior, a escassez preocupa. É preciso tornar o interior mais atrativo para os médicos. Portanto, o tratamento diferenciado na tabela vai melhorar a compensação financeira para essas localidades, com efeito ainda de melhorar a remuneração dos médicos das áreas mais distantes”, destacou.
Para Jayme Campos, os baixos investimentos não criaram as condições mínimas para os médicos das cidades mais distantes. “A Constituição define a saúde como um direito de todos e um dever do Estado. Este é o princípio da universalidade, que deu origem ao SUS. Para realizá-lo, a interiorização dos profissionais é absolutamente necessária. Mas falta uma estrutura adequada para o trabalho no interior. Além disso, na hora de escolher entre os grandes centros e as pequenas cidades, pesam também as questões de âmbito pessoal, como o bem-estar da família, a escola dos filhos, a disponibilidade de atividades culturais”, afirmou.
Durante sua fala, o senador ressaltou que a gestão da Saúde nos municípios tem reflexo nas capitais. “A falta de assistência adequada no interior acaba lotando os hospitais dos grandes centros. Da mesma forma, os pacientes das cidades menores não podem ficar desamparados quando chegarem nas capitais. Portanto, a infraestrutura na área da saúde merece uma solução abrangente e efetiva. É preciso investir em recursos humanos na saúde pública do país, e também na gestão de hospitais e Santas Casas”, enfatizou.
Sobre levar e fixar médicos no interior, Jayme Campos entende ser bastante complexo, principalmente, em relação aos estados de dimensões continentais, como é o caso de Mato Grosso, onde existem comunidades em situação de completo isolamento. “Tive a oportunidade de levar a questão ao competente Ministro Luiz Henrique Mandetta há algumas semanas, quando compareceu à Comissão de Assuntos Sociais, onde solicitei a adoção de uma Tabela do SUS diferenciada. Fiz o apelo em nome do estado de Mato Grosso e das muitas cidades da Amazônia Legal. Uma tabela melhor, certamente, irá fixar o profissional no interior”, declarou.
Santa Casa – Ainda no pronunciamento, Jayme Campos citou caso da Santa Casa de Cuiabá, no estado de Mato Grosso. “Um exemplo de absoluta gravidade. O descontrole com os recursos causou atrasos de salários e dificuldade de manutenção dos equipamentos. A unidade, que fechou as portas há 50 dias, sofre com a crise. É com muita tristeza que vejo a situação em que chegou! Mas, felizmente, na semana passada, o governo do Estado anunciou que assumirá todo o controle do estabelecimento e de seus equipamentos de forma emergencial e temporária. Pode ser um primeiro passo para a revitalização da Santa Casa”, destacou.
A Santa Casa de Cuiabá, conforme disse Jayme, atende a centenas de pessoas por dia. “A grande maioria delas precisando de atendimento gratuito. O hospital tem natureza filantrópica e cumpre um papel essencial para a saúde pública. A meu ver, essa situação deixou bem evidente que não há outra opção: é necessário modificar o modelo de gestão atual para um mais eficiente, sem que nossas populações sejam penalizadas”.
Ao final do discurso, o senador de Mato Grosso reafirmou o compromisso com uma saúde digna para todos. “Quero falar novamente ao povo mato-grossense que a questão da saúde é prioritária em minha luta aqui em Brasília. Tenho o compromisso de melhorar a Atenção Básica no interior dos estados e, para isso, temos discutido as melhores propostas com o Ministério da Saúde e com especialistas brasileiros e internacionais. Há muito para se fazer e estamos empenhados nisso”, encerrou o discurso.