O Centro-Oeste permanece como uma das regiões mais desafiadoras em termos de conectividade 4G nas estradas. Goiás aparece como destaque positivo, com 51,1% de cobertura em rodovias federais. Porém, os números em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul puxam a média regional para baixo. No MS, por exemplo, a cobertura nas rodovias federais não ultrapassa 22,5%, enquanto nas estaduais a taxa fica em torno de 40%. Já em Mato Grosso, o índice em estradas estaduais é de apenas 34,4%, mas melhora para 37% nas vias federais. Esses dados revelam que os gargalos de conectividade da região comprometem a eficiência logística e aumentam os riscos operacionais.
Para contribuir com os setores de transporte, logística e seguros nesse cenário de transição tecnológica, a Links Field, a segunda maior MVNO credenciada de IoT brasileira (incluindo a VIVO, rede de cobertura utilizada pela companhia), lançou o Mapa Interativo de Cobertura 4G nas Rodovias Brasileiras. A ferramenta inédita oferece dados detalhados sobre a cobertura em rodovias federais e estaduais, permitindo que empresas planejem de forma estratégica suas operações diante do desligamento gradual das redes 2G e 3G, previsto pela Anatel até 2028.
Quando analisadas separadamente, as rodovias federais apresentam desempenho inferior: dos 122,2 mil quilômetros, cerca de 66 mil estão cobertos, o equivalente a 54% do total. Nas rodovias estaduais, que somam 266,7 mil quilômetros, a cobertura sobe para 55,8%.
De acordo com Marcos Betiolo Romero, CTO da Links Field Brasil, o desligamento do 2G e 3G não é apenas uma atualização tecnológica, mas uma mudança estrutural que exige planejamento estratégico. “O Mapa Interativo foi criado para oferecer clareza e agilidade na tomada de decisão, especialmente para empresas que dependem de operações logísticas em áreas remotas. Ele é um aliado essencial para apoiar na migração de dispositivos que ainda usam as redes legadas para os equipamentos mais modernos com 4G, com entendimento da abrangência do seu funcionamento em nível nacional, baseado em dados da própria Anatel, nunca divulgados antes”, afirma.
Entre as funcionalidades do mapa estão o ranking por operadora e por estado, que permite comparar a cobertura 4G de diferentes provedores em cada região do país. A ferramenta também identifica trechos de rodovias com cobertura plena, fraca ou inexistente, facilitando o planejamento de rotas mais seguras e conectadas. As informações são baseadas em dados oficiais da Anatel e do DNIT, com atualização contínua, garantindo confiabilidade para decisões estratégicas.
O impacto da falta de cobertura é sentido diariamente por empresas de transporte e logística, que dependem de conectividade para rastrear veículos, monitorar cargas e utilizar sistemas de telemetria. Sem sinal estável, aumentam os riscos de roubo, extravio e atrasos, elevando também os custos operacionais. Para o setor de seguros, a ausência de conectividade em áreas críticas dificulta o monitoramento em tempo real e encarece apólices, já que os riscos são maiores.
Segundo Thiago Paulino Rodrigues, CEO da Links Field Brasil, a ferramenta chega em um momento decisivo para o setor. “O desligamento das redes legadas já tem causado impactos em empresas de logística, fazendo com que precisem investir tempo e dinheiro no planejamento de migração de dispositivos com tecnologias modernas”, ressalta.
DETALHES – No recorte por operadora, os números mostram um mercado equilibrado. A rede Vivo, lidera com 51,8 mil quilômetros cobertos em rodovias federais e 115,8 mil em estaduais. A TIM aparece muito próxima, com 49,6 mil quilômetros em federais e 110,2 mil em estaduais, seguida pela Claro, com 48,9 mil quilômetros em federais e 102,2 mil em estaduais. Embora a Vivo apareça levemente à frente, os dados evidenciam que nenhuma operadora consegue se destacar de forma isolada em todo o território, resultando em uma disputa acirrada e fragmentada. (Obs.: a soma das coberturas inclui áreas sobrepostas pelas operadoras, por isso ultrapassam os 100%)
ANÁLISE POR REGIÃO – A análise regional revela contrastes expressivos. O Sudeste lidera a cobertura, com destaque para o estado de São Paulo, que atinge 87,8% de cobertura nas rodovias estaduais e 64,9% nas federais, e o Rio de Janeiro, que chega a quase 80% de cobertura em rodovias federais. No extremo oposto, o Minas Gerais registra apenas 70,5% de cobertura em rodovias federais e 61,8% em estaduais.
Federais: 30.913 km (21.917 km cobertos – 70,9%) → RJ com 79% e MG com 70%.
Estaduais: 72.221 km (50.370 km cobertos – 69,7%) → SP lidera com 87,8%.
Melhores estados: RJ (79,2% federais) e SP (87,8% estaduais).
Piores estados: SP (64,9% federais) e MG (61,8% estaduais).
No Sul, o Paraná aparece como caso positivo, com 79,7% de cobertura em rodovias federais e 67,2% em estaduais, enquanto Santa Catarina tem os índices mais baixos da região, com apenas 49,3% de cobertura federal.
Federais: 21.748 km (13.206 km cobertos – 60,7%) → destaque para PR com 79,7%.
Estaduais: 37.790 km (25.237 km cobertos – 66,8%) → destaque para RS com 67,4%.
Melhor estado: Paraná (79,7% federais; 67,2% estaduais).
Pior estado: Santa Catarina (49% federais; 63,9% estaduais).
No Centro-Oeste, Goiás apresenta o melhor índice de cobertura em rodovias federais com 51,1%, mas Mato Grosso e Mato Grosso do Sul puxam a média regional para baixo, com taxas que variam entre 34% e 40% em rodovias estaduais e apenas 22% em rodovias federais no caso de MS.
Federais: 9.526 km (4.280 km cobertos 44,9%) → GO com 51%.
Estaduais: 46.978 km (18.623 km cobertos – 39,6%) → queda em MT (34,4%) e MS (40%).
Melhor estado: Goiás (51,1% federais).
Pior estado: Mato Grosso do Sul (22,5% federais).
O Nordeste mostra uma realidade de extremos: a Paraíba e o Rio Grande do Norte alcançam mais de 72% de cobertura em rodovias federais, mas o Maranhão e o Piauí ficam em patamares críticos, com apenas 36% e 38,2% de cobertura em suas rodovias estaduais, respectivamente.
Federais: 43.583 km (22.586 km cobertos – 51,8%) → PB e RN acima de 72%, mas SE e PI abaixo de 24-43%.
Estaduais: 83.653 km (46.461 km cobertos – 55,5%) → CE com 70%, SE com 74%, mas PI só 38,2%.
Melhores estados: Paraíba (72,6% federais; 68,8% estaduais) e Sergipe (74,8% estaduais).
Piores estados: Sergipe (24% federais) e Maranhão (36,5% estaduais).
Já no Norte, a conectividade é o maior desafio. Tocantins aparece como exceção, com 67% de cobertura em rodovias federais, mas estados como Acre e Amapá não ultrapassam 10% de cobertura em rodovias federais a 21% em estaduais, mostrando que a região ainda está muito distante da realidade das demais.
Federais: 16.425 km (4.037 km cobertos – 24,6%) → cobertura crítica, com todos os estados abaixo de 20%, exceto TO com 67,3%.
Estaduais: 26.104 km (8.154 km cobertos – 31,2%) → médias baixíssimas, raramente acima de 30%.
Melhor estado: Tocantins (67,3% federais; 31,5% estaduais).
Piores estados: Acre (7,3% federais; 20,1% estaduais) e Amapá (10,6% federais; 21,4% estaduais).
IMPACTOS DIRETOS NOS SETORES DE TRANSPORTE, LOGÍSTICA E SEGUROS – Essas disparidades têm consequências diretas para setores estratégicos. Na logística e no transporte de cargas, a ausência de conectividade em rotas importantes compromete o rastreamento em tempo real, aumenta riscos de roubo e torna operações menos eficientes. Para empresas de frotas, a falta de sinal reduz a eficácia de sistemas de telemetria e manutenção preditiva, comprometendo a segurança e a competitividade.
O setor de seguros também é impactado: em áreas com baixa cobertura, o monitoramento de veículos e cargas é prejudicado, dificultando a precificação justa de apólices. Nessas regiões, o risco maior tende a se traduzir em custos adicionais para segurados, enquanto nos corredores mais bem atendidos surgem oportunidades de modelos inovadores, como seguros baseados no uso real.
Apesar dos avanços, o levantamento mostra que o Brasil ainda convive com uma realidade fragmentada em relação à conectividade nas estradas. Enquanto Sudeste e Sul se aproximam de padrões satisfatórios de cobertura, Norte e Nordeste seguem enfrentando enormes lacunas. Para que o país consiga reduzir riscos, aumentar a eficiência operacional e fortalecer setores vitais, será essencial acelerar a expansão da infraestrutura de conectividade, transformando áreas críticas de sombra em corredores digitais de alta confiabilidade.
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