Com o encerramento do prazo de adesão ao Selo Unicef, edição 2025-2028, se aproximando, apenas 62 dos 142 municípios mato-grossenses confirmaram participação na iniciativa que visa fortalecer políticas públicas voltadas à infância e adolescência. Diante do baixo índice, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), em parceria com órgãos estaduais e instituições como o Tribunal de Contas, Ministério Público e o Unicef, intensificou o apelo aos gestores municipais para que se comprometam com a causa até o próximo dia 23.
Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, dia 10, na sede da AMM, em Cuiabá, diversas lideranças se manifestaram destacando a importância do Selo como ferramenta de transformação social e qualificação da gestão pública municipal voltada à população infantojuvenil. O MT Econômico participou do evento e traz a opinião das lideranças envolvidas nesse projeto.
Leonardo Bortolin, presidente da AMM: mobilização pelo compromisso com a infância
O presidente da AMM, Leonardo Bortolin, ressaltou que o momento é decisivo e que a imprensa exerce papel essencial na mobilização da sociedade. Segundo ele, o Selo representa não apenas reconhecimento, mas também um compromisso concreto com a qualidade de vida das crianças e adolescentes.
“O Selo Unicef é uma chancela para os municípios que investem em boas práticas, é gratuito e oferece acompanhamento técnico por quatro anos, com base em indicadores específicos. Na última edição, apenas 15% dos participantes em Mato Grosso conseguiram a certificação. Precisamos engajar mais municípios até o dia 23 de julho”, alertou.
Mariana Rocha, coordenadora do Unicef em MT: selo é transformação e capacitação
Mariana Rocha, chefe do escritório do Unicef no estado, enfatizou que a adesão é uma oportunidade para que os municípios avancem em áreas estratégicas como vacinação, educação, proteção social e combate às desigualdades.
“A jornada do Selo Unicef é voltada para mudanças reais, mesmo cidades que não foram certificadas demonstraram avanços. Isso é o que importa, o comprometimento com o futuro das nossas crianças. O Unicef oferece materiais, formação e acompanhamento técnico sem
custos. É uma gestão voltada a resultados e indicadores concretos”, reforçou.
Ela também manifestou preocupação com dados alarmantes: a cobertura vacinal em algumas regiões está abaixo de 50%, e os casos de violência contra crianças entre 0 e 9 anos cresceram 450% entre 2022 e 2023.
Cassyra Vuolo, do Tribunal de Contas: eficiência nos gastos públicos
A conselheira do TCE-MT, Cassyra Vuolo, destacou que o Tribunal tem criado comissões permanentes para acompanhar temas como saúde, assistência social e infraestrutura. Segundo ela, o Selo é um instrumento que orienta os municípios na aplicação eficiente dos recursos públicos.
“O Tribunal apoia essa adesão porque entende que o Selo possibilita que prefeitos invistam de maneira técnica, eficaz e com resultados mensuráveis, e tudo isso sem custos para os municípios. É uma forma de qualificar os investimentos e gerar impactos positivos, principalmente nas vidas de crianças e adolescentes, que são a parcela mais vulnerável da nossa população”, afirmou.
Paulo Prado, procurador do MP-MT: Cuiabá precisa dar exemplo
O procurador de Justiça Paulo Prado foi enfático ao cobrar a adesão da capital, Cuiabá, que até o momento não oficializou sua participação. Ele lembrou que a Unicef oferece treinamentos gratuitos, orientações sobre políticas públicas e apoio para criação e regularização de fundos e conselhos municipais.
“O que está sendo oferecido é capacitação gratuita com especialistas em áreas essenciais como educação, saúde e proteção social. Não é razoável que a capital do estado ainda não tenha aderido. A adesão ao Selo é um ato de responsabilidade com o presente e o futuro de nossas crianças. Faço um apelo ao prefeito de Cuiabá para que assuma esse compromisso”, disse.
Paulo Prado também alertou para retrocessos graves: doenças como sarampo e coqueluche estão reaparecendo por falta de vacinação, e muitos municípios ainda não possuem fundos da infância regularizados, o que os impede de receber recursos.
Scheila Pedroso, da APDM: é preciso intervir desde a infância
A presidente da Associação para o Desenvolvimento Social dos Municípios (APDM), Scheila Pedroso, também fez um apelo aos prefeitos, representando as primeiras-damas e secretarias de assistência social do estado. Ela afirmou ser essencial que as administrações municipais atuem de forma integrada e preventiva, especialmente no que diz respeito à violência contra crianças e adolescentes.
“Estamos ao lado da Unicef há anos, trabalhando para garantir o direito à educação, à vacinação e ao acolhimento social. É inadmissível que ainda tenhamos meninas sendo violentadas ou engravidando na adolescência por falta de políticas públicas eficazes. A adesão ao Selo Unicef é uma estratégia nacional e precisa ser tratada como prioridade”, frisou.
Chamado coletivo e urgência
A coletiva terminou com uma convocação unificada das instituições presentes para que os gestores públicos de Mato Grosso priorizem a adesão ao Selo Unicef até o dia 23 de julho. A meta é mobilizar os 80 municípios restantes e garantir que todos estejam comprometidos com os direitos fundamentais de crianças e adolescentes.
O Selo Unicef representa mais do que uma certificação: é um pacto pela transformação social, pela equidade e pela construção de um futuro mais justo para todos os cidadãos mato-grossenses.
Unicef e sua atuação no Brasil
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, atua há décadas no Brasil, promovendo políticas que asseguram os direitos de crianças e adolescentes em áreas como saúde, educação, proteção e participação social. O Selo Unicef é um dos principais programas da instituição e reconhece municípios que avançam na promoção desses direitos com ações efetivas e gestão baseada em resultados.
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