Após os resultados das eleições em Mato Grosso, institutos de pesquisa reconhecem erros consideráveis nas suas previsões e propõem mudanças metodológicas para futuras eleições, alterações essas que ainda não serão viáveis para esse segundo turno das Eleições Municipais de 2024.
Como já antecipado pelo MT Econômico, no mesmo domingo das eleições (6), candidatos que lideravam nas pesquisas eleitorais em cidades como Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Sorriso foram surpreendentemente derrotados, o que levantou questionamentos sobre a confiabilidade das sondagens que têm como ponto de partida a entrevista acerca da intenção de voto dos eleitores.
O deputado federal Abilio Brunini (PL) e o deputado estadual Lúdio Cabral (PT) venceram as eleições em Cuiabá, contrariando o favoritismo do presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (União), apontado como o provável vencedor em diversas pesquisas. Entretanto, ficou fora do segundo turno. Até o início da apuração, a pergunta era quem iria disputar com Botelho o segundo turno. Houve pesquisas que apontaram até a possiblidade de vitória em primeiro turno.
Na cidade vizinha, Várzea Grande, o atual prefeito Kalil Baracat (MDB), sempre surgia liderando com folga as pesquisas de intenção de votos, e tinha apostas de que levaria a disputa com mais de 70% dos votos válidos. No entanto, assim que a apuração começou, a adversária Flávia Moretti (PL), liderou de ponta a ponta, levando a prefeitura da cidade. Até seis meses atrás, a liberal, que é advogada, era uma desconhecida entre a maior parte da população várzea-grandense.
ERROS – Nem mesmo a Quaest, contratada pela Rede Globo e todas as suas afiliadas, conseguiu acertar o resultado da eleição em Cuiabá. No último levantamento, divulgado na véspera da eleição, apontou empate entre Abílio e Botelho.
Apenas um instituto, o Atlas Intel, trouxe um cenário diferente. Faltando poucos dias para o primeiro turno, divulgaram seu levantamento, feito por questionário eletrônico no Instagram, com números muito parecidos àqueles que foram vistos após a apuração das urnas.
Em editorial publicado na segunda (07), o Grupo Gazeta de Comunicação, que controla o instituto Gazeta Dados, reconheceu o erro, mas destacou que não foi o único a errar. Nem mesmo as pesquisas internas, contratadas pelos marqueteiros das campanhas para planejar as estratégias perceberam o descolamento dos números com a realidade.
A metodologia utilizada pelos institutos de pesquisas precisa se atualizar – e decifrar as peculiaridades de uma sociedade atenta, hiperconectada e sem receio de mudar”, conclui o texto.
O instituto Percent Brasil, que atua em Mato Grosso e em Goiás, destacou alguns pontos como a insegurança política e econômica, que podem fazer o eleitor mudar o voto no último segundo, quando já está diante da urna. Outra possibilidade foi um “receio” do entrevistado em revelar suas preferências políticas.
Conforme o instituto, a pesquisa realizada em Goiânia também não conseguiu detectar o crescimento do candidato de lá, Fred Rodrigues (PL), que aparecia em sexto lugar e acabou indo para o segundo turno em primeiro lugar.
Conforme Ronye Steffan, diretor da Percent Brasil, as pesquisas feitas pela empresa em Cuiabá ouviram sempre 1.200 eleitores. Mas esse número pode ter sido insuficiente.
“Para as grandes cidades vamos rever nossa amostragem, vamos passar a trabalhar com aproximadamente 5 mil entrevistas, vimos que quanto mais pessoas entrevistadas, mais se aproxima da realidade”, afirmou.
CONSUMO INTERNO – Em entrevista ao site Repórter MT, o analista político João Edisom, explicou que não foram apenas as pesquisas divulgadas para a imprensa que erraram. As pesquisas internas, que servem para os candidatos embasarem as suas ações de campanha, também falharam.
Conforme o analista político, o modelo de pesquisas que os institutos usam hoje foi criado nos anos 1990, porque os métodos anteriores já haviam deixado de encontrar alinhamento com a realidade do eleitor. Na visão dele, agora uma nova atualização se faz necessária.
“O que está acontecendo em relação às pesquisas não é só as pesquisas, ela é reflexo da mudança de comportamento que está tendo a sociedade. Tem a ver um pouco com a questão da pandemia, também que as pessoas mudaram o comportamento, tem a ver com as pessoas que estão morando menos pessoas nas casas e tem a ver com as relações que essas pessoas têm”, explica. (Com Repórter MT)
NOSSA POSIÇÃO: COMUNICADO MT ECONÔMICO
No primeiro turno das eleições publicamos algumas pesquisas eleitorais no intuito de trazer aos nossos leitores um panorama informativo de como estava o desempenho de cada candidato na disputa das eleições municipais.
No entanto, devido aos resultados bem divergentes nas urnas, deixaremos de publicar essas pesquisas, pois entendemos que houve erros de metodologia na aplicação das técnicas, causando perda de credibilidade de praticamente todos os institutos.
O MT Econômico é um jornal online de Economia e Negócios que atua há 8 anos no jornalismo econômico trazendo diariamente notícias e dados de mercado com base em fontes oficiais de pesquisa. Seguiremos zelando pela informação de fontes que tenham mais credibilidade aos nossos leitores.
Agradecemos a compreensão
Atenciosamente,
Alessandro Torres
Diretor Geral e Proprietário
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