O site Mato Grosso Ecônomico traz para você a opinião do professor e especialista em Recursos Humanos, pelo Centro Universitário UNA, especialista em Administração, pela Fundação João Pinheiro – FJP/Columbia University, Eustáquio Penido que pensar no ambiente de trabalho e na valorização dos colaboradores.
Segundo ele, em tempos que as empresas reduzem suas equipes e redistribuem funções se deve manter os colaboradores é preciso pensar na satisfação no ambiente de trabalho, pensar na valorização dos funcionários reter talentos e investir na equipe.
Fomentar a gestão humana dentro de uma empresa em tempos atuais de instabilidade econômica e maior acirramento competitivo não é tarefa simples, mas extremamente necessária. Neste contexto, que fomenta muitas discussões e planos estratégicos, diretorias de empresas mato-grossenses se encontraram para participar do Programa de Desenvolvimento de Dirigentes (PDD) da Rede Parceiros Para Excelência (Paex), programa da Fundação Dom Cabral (FDC), que reúne empresas de médio porte em busca da implementação de um modelo de gestão, com foco em melhoria de resultados e aumento de competitividade.
O Hospital Santa Rosa, O Boticário, Goibeiras Shopping, Novanis, Grupo Aldo, Agro Ferragens Luizão, entre outros e as demais empresas participam do Paex por meio do Grupo Valure, empresa associada à FDC. O programa contou com a presença do professor da Fundação, Eustáquio Penido, consultor e instrutor nos últimos 20 anos em planejamento estratégico e implantação de modelos de gestão em empresas de vários setores.
"Hoje, no nosso momento de instabilidade política/financeira, as empresas dão pouca atenção ao processo de valorizar os colaboradores e reter os talentos. O que se pensa neste momento é a redução de quadro de pessoal e de custos a todo preço. Esse é o momento que requer uma ação de Recursos Humanos muito mais integrada e forte dentro das organizações", acrescenta.
É nessa hora que o desenvolvimento da liderança é crucial nos dias de hoje. Para Eustáquio Penido, a atual crise econômica mundial está permitindo às empresas o realinhamento das distorções e o ajuste das expectativas quanto às oportunidades de negócios, remuneração de executivos, velocidade da carreira, entre outros aspectos. Com isto, muda a liderança e a gestão de negócios em todas as partes do planeta.
“Um dos maiores desafios do RH e dos executivos durante uma crise é evitar que as incertezas contaminem os funcionários e se transformem em desespero. Isto exige processos de comunicação e de relacionamentos consolidados”, conclui.
Para a gerente de RH do Hospital Santa Rosa, Rosângela Martha, é neste momento, tanto profissionais quanto empresas têm oportunidade de se destacarem. “É diante das dificuldades e dos obstáculos que mais se demonstram as competências necessárias ao desenvolvimento e ao crescimento”.
Professor Eustáquio também destaca que outro aspecto a se trabalhar é o moral dos colaboradores. Muitos, nesses momentos, ficam inseguros e amedrontados, afetando a produtividade e o relacionamento. E isso requer dos líderes diálogo e transparência para buscar, junto com a equipe, saídas para preservar empregos e renda, e ao mesmo tempo, a sobrevivência e crescimento mesmo em situações adversas.
“Um líder de alta performance deve dar feedback positivo e corretivo sempre que os comportamentos o recomendarem, além de identificar, atrair, desenvolver e reter talentos”, afirma.
O professor também e admite que não é algo de execução simples, mas que buscar novas soluções exige mudanças na cabeça dos líderes e dos demais colaboradores da empresa. "Os donos das empresas têm que pensar em agir como os profissionais, enquanto os profissionais devem pensar e agir como donos. Esses comportamentos vão fazer toda a diferença. Ter a visão da empresa como um todo. Nada de cada um em sue ‘quadrado’, essa visão é antiga", disse.
Para a diretora do Grupo Valure, Lorena Lacerda, a Rede Paex consegue fomentar esse tipo de pensamento entre as empresas integrantes, transformando diretrizes e o planejamento estratégico de cada uma delas. "As empresas que estão conosco no Paex acreditam neste modelo e já estão apresentado resultados em diferentes esferas, encontrando alternativas para lidar com esse cenário desafiador. E todos sabe que crises vêm e passam, e esse é a hora de não só fazer mais com o menos, mas também de se preparar para os momentos que virão no pós-crise”, disse.
O cenário da empregabilidade no Brasil não apresenta previsão de melhora, segunda dados da mais recente pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Catho/Fipe) de novas vagas de trabalho. A quantidade de vagas de emprego geradas em janeiro deste ano foi 11,4% menor do que a registrada no primeiro mês de 2015. O dado é alarmante pois este é o 19º mês seguido em que o índice mostrou queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Isso não acontece desde 2004, quando a pesquisa foi criada.
Conceito de gestão
Eustáquio também reforçou o conceito da gestão COM pessoas, em vez de gestão DE pessoas.
“A gestão DE Pessoas é feita de cima para baixo, sem envolver, sobretudo, os gestores de todas as áreas na definição das políticas, diretrizes, sistemas e instrumentos para a criação de um ambiente favorável à atuação de cada pessoa de forma ativa, interessada, criativa e comprometida. A gestão COM Pessoas, além de fazer o oposto do descrito acima, caracteriza-se na relação líder e liderado, por compartilhar os desafios, as responsabilidades e as oportunidades, através da negociação de objetivos e recursos ao invés da famosa e fora de moda "goela abaixo".
Naturalmente em momentos de crise o primeiro cuidado é em otimizar custos e repensar investimentos. O cuidado a se tomar é não cortar aquilo que é essencial hoje e mesmo a médio prazo. Não necessariamente quer dizer dispensar pessoas. Podemos, isto sim, rever processos, o que muitas vezes possibilita fazer de forma diferente, com menos custo e mesmos padrões de antes.