Com as eleições municipais de Cuiabá se aproximando, os eleitores se encontram diante de um cenário político complexo e cheio de desafios. Em uma análise profunda e crítica, o jornalista e analista político Onofre Ribeiro relatou suas percepções, em entrevista ao MT Econômico, sobre os principais candidatos e suas perspectivas nas pesquisas recentes. Segundo Onofre, os deputados estaduais Eduardo Botelho (DEM), Lúdio Cabral (PT) e Abílio Brunini (PL) são os nomes mais destacados, mas enfrentam questões significativas que podem impactar suas campanhas e futuras administrações.
Eduardo Botelho, de acordo com Onofre, representa uma candidatura de coalizão, apoiada por um conglomerado de 12 partidos. “Se o Botelho ganha, teremos um prefeito de coalizão, apoiado por 12 partidos. Cada partido vai querer controlar uma secretaria estratégica, tornando o prefeito refém dessas forças,” disse. Ele explicou que essa fragmentação do poder pode levar à ineficiência administrativa, pois os partidos priorizarão seus interesses e enfraquecerão a governabilidade. “Os partidos vão querer dominar as secretarias, impor seus interesses e patrocinar suas próprias facções, o que pode resultar em um governo paralisado por disputas internas,” acrescentou.
A atual gestão já enfrenta uma oposição praticamente inexistente na Câmara Municipal, mas Onofre prevê um futuro ainda mais complicado. “Se forem 12 partidos, eles vão eleger muitos vereadores e os vereadores estarão lá dentro para fazer o mesmo jogo. A oposição perde sua autonomia por causa das suas vinculações partidárias, o que torna a atuação da Câmara ainda mais problemática,” afirmou. Segundo Ribeiro, a oposição será cada vez mais enfraquecida, dominada por um grande grupo de poder, resultando em um período administrativo caótico e sem autonomia legislativa.
Em relação a Abílio Brunini, Ribeiro foi direto: “Se Abílio ganhar, não terá governabilidade. Ele não tem quadros, liderança sobre os quadros que tiver e nem propósito. É como entregar um avião a alguém que não sabe pilotar,” criticou. Abílio, que já enfrentou controvérsias por suas posições extremistas, incluiu Victorio Galli em sua campanha para suavizar sua imagem. No entanto, Onofre apontou que Galli, apesar de não ser tão extremista, ainda é radical e conservador demais. “Victorio Galli está lá para conquistar nichos que Abílio não alcança, mas ele também é muito conservador e evangélico demais para atrair uma base mais ampla,” observou.
Sobre Lúdio Cabral, Onofre destacou sua capacidade de atrair votos individualmente, mas ressaltou sua solidão política. “Lúdio é muito bom de votos no individual, mas ele já está sentindo a solidão ao afirmar que não quer Bolsonaro nem Lula. Ele quer falar diretamente com o eleitor, mas isso o deixa solto, como um balão de hélio,” comparou o analista político. Ele também mencionou a fraqueza atual do PT em Cuiabá, com poucas lideranças e uma influência reduzida. “O PT está muito fraco em Cuiabá, com apenas Valdir Barranco e Rosa Neide. Lúdio terá que fazer uma campanha extremamente estratégica para abrir novos caminhos, mas acredito que ele não tenha força para vencer,” concluiu.
Para Onofre, o vencedor será aquele com mais “força bruta”. “Quem tiver muitos partidos, muito dinheiro, apoio jurídico e contábil, além de muitas pessoas trabalhando remuneradamente, terá mais chances de vencer,” afirmou. Ele também observou um fenômeno crescente: a desilusão dos jovens com a política. “Muitos jovens abaixo de 30 anos não estão indo votar. Eles não se interessam por candidatos com força bruta e preferem se abster,” explicou.
Onofre concluiu sua análise prevendo que as eleições de 2024 serão um divisor de águas para 2026. “A eleição de 2026 será pesada, e a postura dos jovens eleitores pode mudar drasticamente o cenário político. Hoje, essa geração não tolera a corrupção e escolhe muito bem em quem votar. Se não houver um candidato que represente seus valores, eles preferem não votar,” finalizou.
A análise de Onofre Ribeiro oferece uma visão detalhada e crítica sobre os principais candidatos e os desafios que a próxima gestão municipal enfrentará, destacando a complexidade e a importância das eleições que se aproximam.
Entrevista MT Econômico com Onofre Ribeiro, jornalista e analista político
(com Alessandro Torres e Isabella Carolina)
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