O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, disse que a instituição havia aberto uma linha de crédito para a Americanas S.A. da ordem de R$ 2,4 bilhões, mas que não corre ameaças financeiras com a empresa. “Eles ainda tinham uma pendência de R$ 1,2 bilhão, mas o BNDES foi prudente, tinha carta de fiança que já foi executada, já foi paga. Nós não temos um real em risco com a Americanas”, garantiu.
O presidente do banco disse ainda que não tomará nenhuma decisão a respeito da companhia. Segundo afirmou, compete agora à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Banco Central avaliar com rigor o que aconteceu, “inclusive porque os sócios principais têm um volume de capital bastante expressivo para aportar e salvar a empresa e, sobretudo, proteger os fundos de investimento, 40 mil trabalhadores e micro e pequenas empresas que são fornecedoras”.
O presidente do BNDES disse que vai discutir com o Ministério da Fazenda e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a abertura de linha de crédito para os pequenos e médios fornecedores da Americanas, “que são vítimas dessa (suposta) fraude. Era uma empresa em que havia muita fidelização no fornecimento e você tem que dar alternativa para não agravar a crise e essas empresas poderem continuar as suas atividades. Elas não têm nenhuma responsabilidade com a crise da Americanas. Eles foram vítimas. Os indícios de fraude no balanço são muito graves, estão sendo apurados. Vamos aguardar”.
Para ele, o problema da Americanas junto ao banco está resolvido. “Não há possibilidade de tratar da crise da Americanas. O que nós tínhamos que fazer já fizemos: executamos a fiança e recuperamos o nosso capital”.
Em meados de janeiro, a Americanas, uma das maiores empresas de comércio eletrônico do país, decidiu optar por uma recuperação judicial após admitir uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões. A empresa solicitou uma tutela cautelar para evitar a antecipação de vencimento de dívidas que somam R$ 40 bilhões. O modelo de recuperação escolhido já havia sido previsto por especialistas do setor.
Americanas: para especialista, quebra de confiança pode ter antecipado a decisão pela recuperação judicial
Conforme informações já noticiadas pelo MT Econômico, a Americanas começou a notificar os shoppings onde têm lojas físicas de que não vai pagar os aluguéis atrasados, por conta do efeito de suspensão de cobranças conferido pela recuperação judicial. Em Mato Grosso, dados extraídos do site da gigante varejista, contabilizam 28 lojas em funcionamento, sendo pelo menos dez unidades estabelecidas dentro de shoppings centers. O ‘calote’, se confirmado, poderá impactar de forma severa as finanças dos centros de consumo. Na Capital e em Várzea Grande, por exemplo, existem filiais em todos os shoppings.
Uma das maiores dívidas da Americanas, em relação ao pagamento de aluguel está exatamente em Mato Grosso e com o Pantanal Shopping, em Cuiabá, espaço que abrigou a primeira unidade da rede nacional no Estado. Depois dessa primeira loja, a Americanas deu início a um processo de interiorização da marca, abrindo lojas de ruas, em outros shoppings e avançando para o interior mato-grossense, bem como aportando em bairros populosos como o Cristo Rei, em Várzea Grande, e o CPA, em Cuiabá. Uma fonte consultada pelo MT Econômico acredita que a maioria das 28 lojas em Mato Grosso funcione em imóveis locados. Portanto, a suspensão dos pagamentos dos aluguéis pode ter um efeito ainda mais extenso.
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