Segundo dados do Monitor do PIB-FGV, divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta terça-feira (18), a economia brasileira teve uma retração de 8,7% no segundo trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior. Frente ao segundo trimestre de 2019, o monitor aponta uma retração de 10,5% no PIB.
O período analisado foi o de maior impacto devido à pandemia, onde ocasionou fechamento do comércio, restrição de isolamento social, entre outras medidas que travou a atividade econômica.
O Monitor do PIB-FGV é uma prévia do indicador oficial do governo. Se a retração do PIB se confirmar, no segundo trimestre deste ano, o Brasil terá entrado oficialmente em "recessão técnica", ou seja, recuo do nível de atividade por dois trimestres consecutivos.
Nos três primeiros meses deste ano, a economia já teve retração de 1,5%.
“O resultado da economia no 2º trimestre foi o pior já vivenciado pelo país desde 1980. É inegável que a pandemia de covid-19 trouxe enormes desafios para a economia brasileira que ainda devem demorar a serem solucionados. No entanto, na análise desagregada dos meses do 2º trimestre, nota-se que o pior desempenho foi em abril. Embora as taxas interanuais de maio e junho ainda estejam muito negativas, já houve melhora dos resultados nestes meses na comparação dessazonalizada. Estes resultados mostram que, embora a economia esteja no segundo trimestre em situação pior em comparação ao anterior, no curto prazo já se observa uma melhora da atividade”, diz Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB, em comentário no relatório.
A queda da atividade econômica acontece em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão. Nos últimos meses, porém, indicadores têm mostrado o início de uma retomada no Brasil, em setores como indústria e comércio.
Essa rápida deterioração do PIB foi influenciada por fortes quedas na indústria (-12,8%) e nos serviços (-8,4%) e por praticamente todos os componentes da demanda, à exceção da exportação que cresceu 1,3% no segundo trimestre.
O indicador da FGV ficou melhor que o apontado pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), do Banco Central (BC), que apontou uma retração de 10,94% no segundo trimestre.
Principais resultados da pesquisa FGV
– O consumo das famílias caiu 11,6%, com retração de 51% no consumo de semiduráveis e de 30,2% no de bens duráveis
– Os investimentos (formação bruta de capital fixo) tiveram queda de 20,9%, com recuo de 35,9% em máquinas e equipamentos
– A exportação teve queda de 0,4%; enquanto a importação encolheu 14,2%