A defasagem nos salários dos servidores públicos estaduais de Mato Grosso pode chegar a 19,52%, segundo levantamento apresentado nesta terça-feira (12) na Assembleia Legislativa (ALMT). O estudo, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), foi debatido em reunião conduzida pela Comissão Técnica Interna, com a presença de parlamentares, representantes de entidades sindicais e da Federação Sindical dos Servidores Públicos (FESSP-MT).
De acordo com o Dieese, entre 2017 e 2025, a perda acumulada é de 18,87% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e de 19,52% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O diretor técnico de Relações Sindicais do órgão, Victor Pagani, explicou que a falta de reposição anual reduziu o poder de compra e levou muitos trabalhadores a recorrer a empréstimos consignados, aumentando o risco de endividamento.
Pagani destacou ainda que, mesmo com a defasagem, o Estado mantém gastos com pessoal dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, o que permitiria um reajuste imediato de até 19% sem comprometer o teto legal.
Propostas em discussão
A deputada Janaina Riva (MDB) apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria uma data-base para a Revisão Geral Anual, com reajuste mínimo equivalente à atualização da Unidade de Padrão Fiscal (UPF) do ano anterior, e propôs a criação de uma mesa técnica permanente para negociações entre governo e servidores.
O deputado Lúdio Cabral (PT) classificou a defasagem como uma “dívida histórica” e defendeu que a recomposição seja incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Ele lembrou que Mato Grosso destina 36% da receita corrente líquida à folha de pagamento — percentual abaixo da média nacional — e que a arrecadação estadual tem crescido nos últimos anos.
Para a presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Agrícola, Agrário, Pecuário e Florestal (Sintap-MT), Diany Dias, a valorização da categoria é essencial para manter serviços públicos em áreas estratégicas, como saúde, educação, infraestrutura e defesa agropecuária. “O desenvolvimento de Mato Grosso passa pelo trabalho dos servidores. É preciso reconhecer e corrigir essa defasagem”, afirmou.