O custo do crédito empresarial voltou a subir no Brasil, alcançando em agosto o maior nível dos últimos sete anos. De acordo com dados do Banco Central, a taxa média anual das operações de crédito com recursos livres destinadas às pessoas jurídicas chegou a 25,21%, ante 21,01% registrados em agosto de 2024 — um aumento de cerca de quatro pontos percentuais em apenas 12 meses. Trata-se do maior patamar desde julho de 2017, quando o juro médio estava em 25,41%, o que reforça o encarecimento do dinheiro mesmo em um cenário de estabilidade da taxa Selic.
O levantamento do Sindilojas-SP mostra que o avanço dos juros atinge todas as dez modalidades de crédito mais utilizadas pelas empresas. A taxa média mensal total passou de 1,60% para 1,89%, uma diferença de 0,29 ponto percentual em relação ao mesmo mês do ano passado. Modalidades essenciais para o capital de giro e fluxo de caixa das empresas, como antecipação de faturas de cartão de crédito, crédito de capital de giro de até um ano e capital de giro rotativo, apresentaram aumentos expressivos de 0,45, 0,74 e 0,64 pontos percentuais, respectivamente. O cheque especial empresarial também ficou mais caro, com alta de 0,57 ponto percentual, enquanto o rotativo do cartão de crédito teve o salto mais significativo, subindo 3,21 pontos percentuais em um ano.
Para o presidente do Sindilojas-SP, Aldo Nuñez Macri, o cenário reforça a necessidade de cautela por parte dos empresários do varejo. “O custo do dinheiro está subindo mesmo sem mudanças na Selic, o que pressiona as margens e limita os investimentos. O crédito mais caro encarece o capital de giro, restringe o parcelamento e reduz o consumo das famílias, afetando diretamente as vendas, especialmente nos setores mais dependentes do consumo imediato ou de produtos de maior valor agregado”, afirma.
Macri destaca ainda que o momento exige um planejamento financeiro rigoroso e atenção redobrada à gestão do caixa. “Os varejistas devem ser criteriosos na tomada de empréstimos e avaliar renegociações de dívidas, além de considerar linhas de crédito com garantias, que podem reduzir custos quando o financiamento for indispensável. Também é fundamental otimizar estoques, conter despesas e priorizar campanhas de vendas que não dependam de prazos longos de pagamento”, completa.
O Sindilojas-SP reforça que o acompanhamento constante das condições de crédito e das taxas aplicadas pelos bancos é essencial para preservar a saúde financeira das empresas. Em um ambiente de juros elevados e crédito restrito, a capacidade de adaptação e o controle financeiro serão determinantes para a manutenção da competitividade do varejo paulista até o fim do ano.
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