A diversificação de culturas do agronegócio em Mato Grosso já vem se tornando realidade há algum tempo. Em 2004 o preço da soja era baixo e o milho não tinha ainda conquistado mercado. Todos sabem que essas duas commodities hoje em dia são muito fortes no estado, devido à mecanização do processo e altos investimentos em tecnologia.
Porém, Mato Grosso é demarcado por inúmeros produtores menores que para conseguirem sobreviver e otimizar suas terras diversificam a cultura de plantio com outros produtos da agricultura na mesma área. Em uma mesma propriedade, muitos tem plantado soja, milho, feijão, algodão, entre outros. Além da diminuição de risco com apenas um produto, isso melhora a produtividade e diversifica o controle de pragas e doenças, promovendo o equilíbrio sanitário. O pesquisador da Fundação MT, Claudinei Kappes, explica que com a rotação de culturas é possível melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo, além de permitir uma quebra do ciclo de vida de insetos-praga, patógenos e plantas daninhas.
“Além disso, conseguimos manter e até mesmo incrementar o teor de matéria orgânica do solo, maximizando a utilização de implementos agrícolas na propriedade, o que acarreta considerável aumento de produtividade”, observa Kappes. O pesquisador afirma que a rotação com leguminosas e gramíneas, por exemplo, é uma “receita de sucesso” para o solo. “Quando semeada após milho, milheto ou braquiária, por exemplo, a soja pode ter sua produtividade incrementada principalmente em função da reciclagem de nutrientes, por se tratar de uma cultura com sistema radicular pouco profundo. Sistemas de produção que contam com a rotação de culturas são ambientes com maior quantidade de palha e que contribuem para o aumento da matéria orgânica, ao longo do tempo. E a matéria orgânica do solo é a chave do sucesso para um bom índice de aproveitamento de nutrientes”, conclui.
Um exemplo de como a diversificação já faz parte das propriedades de soja no Estado é a fazenda Santa Rosa, localizada em Campo Verde. O proprietário, Alexandre Schenkel, administra uma área de 720 hectares para o plantio – dos quais a soja ocupa 420 a 470 hectares. Com as outras culturas, a Santa Rosa consegue fechar o ano com 1.440 ha cultivados.
“Plantamos de 150 a 200 hectares de feijão na primeira safra, e 420 a 470 hectares de soja. Na safrinha, cultivamos 400 a 500 hectares de algodão, uns 50 hectares de feijão safrinha e uns 170 a 220 hectares de milho”, contabiliza Schenkel, que abriu a propriedade nesta semana para jornalistas, em Dia de Campo, promovido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), da qual é diretor administrativo. “Começamos com 15% da área, depois 20%, e, hoje, praticamente 30% da área tem a diversificação. Na safrinha, ao invés de plantar 100% do milho, por exemplo, fazemos plantio de algodão”, disse o produtor.
As propriedades de Mato Grosso foram naturalmente tomando esse rumo de diversificação de culturas. Este processo faz com que o produtor não fique dependente de apenas uma cultura, com isso ele pode ter vários períodos de colheita e ter um melhor preço de venda em seus produtos. Isso é bom para toda a cadeia produtiva, pois aumenta a produtividade, ajuda a combater as pragas e melhora a competitividade no mercado.