Infelizmente a suinocultura mato-grossense está perto de entrar novamente em crise com o alto custo de produção e baixo preço da carne inviabilizam a atividade.
Conforme Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) dezenas de suinocultores já cogitam deixar a atividade pela inflação do milho e a baixa remuneração pelo quilo do suíno.
A principal preocupação do setor produtivo é o alto custo dos insumos, principalmente o milho, e a baixa remuneração pelo quilo do suíno. Segundo o presidente da Acrismat, Raulino Teixeira, os custos em Mato Grosso oscilam entre R$ 2,90 a R$ 3,10 o preço do quilo de suíno vivo, e as vendas oscilam entre R$ 2,50 a R$2,60. Ou seja, o déficit é de R$ 40 a R$ 50 por animal de 100 quilos abatido. “Além disso, existe um volume muito grande de carnes no mercado interno. As indústrias e frigoríficos não estão conseguindo vender todo o estoque", pontua.
O alto custo de produção se deve ao valor do milho, principal componente da ração dos suínos. A disparada nos preços do cereal foi decisiva para deixar a suinocultura em crise novamente. A baixa oferta do cereal no Brasil está ligada ao aumento da exportação, impulsionado pela alta do dólar, e queda na produção. Com isso, os suinocultores vem trabalhando com margens negativas neste início de ano.
A alta do dólar elevou as exportações de milho para patamares recordes e os custos de produção tem comprometido a atividade. Nos dois primeiros meses de 2016 o Brasil exportou 9,83 milhões de toneladas, volume 128% superior ao observado no mesmo período de 2015 e equivalente a cerca de 34% de todo o volume exportado no ano passado.
Por conta da situação a associação mandou um ofício a Conab pedindo a realização de leilões de milho para os suinocultores de Mato Grosso. Pedido esse que foi acatado no dia 01 de fevereiro com o leilão de 150 mil toneladas. Contudo o preço do milho vendido nos leilões era alto, o que dificultou a aquisição dos grãos pelos produtores”, explica o presidente. Outros leilões foram realizados e reduziram um pouco a pressão no mercado, entretanto o cenário ainda é desfavorável.
MEDIDAS
Diante deste cenário a Acrismat se reuniu com a Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso (Sefaz/MT) para pedir a redução da alíquota de ICMS na comercialização estadual e interestadual de suínos vivos de 12% para 7%, assim como é feito com o boi.
“Outros Estados, como o Paraná e Santa Catarina, já tomaram essa medida para aliviar o setor dos impactos da elevação do custo de produção com a alta acentuada no preço do milho”, reforça Raulino Teixeira.
Além disso, a Acrismat fez pedido a Câmara Técnica de Política Agrícola e Crédito Rural (CPACR) para abrir uma linha de crédito especial, via Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-oeste (FCO) para a retenção de matrizes suínas. Serão empréstimos de até R$ 2 milhões por produtor com carência de até três anos.
“Acrismat e Associação Brasileira dos Criadores de Suínos – ABCS – entendem que a oferta de linha de crédito é fundamental para que os produtores consigam formar capital de giro necessário para se preparar diante da crise. Assim como que a linha de crédito para retenção de matrizes deva ser um recurso sempre disponível para os suinocultores, uma vez que o mercado de suínos enfrenta altos e baixos”, ressalta o presidente.
FUTURO
O diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, avalia que o momento é grave. “Para equilibrar a balança comercial e minimizar o déficit, o governo exporta tudo. A crise se agrava ainda mais para quem produz proteína animal”, afirma.
Outro cenário preocupante é a oferta de milho. Cerca de 70% do milho da safrinha já está vendida e a crise deve permanecer. “Se continuar assim os suinocultores devem enfrentar graves problemas para compra de milho, pelo menos até fevereiro de 2017”, argumenta Rodrigues.
SUINOCULTURA – Entre 2004 e 2012 Mato Grosso teve um crescimento de 171% na suinocultura, um registro muito superior à maioria dos estados brasileiros, passando de uma produção anual de 79,1 mil toneladas de carne suína por ano para 214,7 mil toneladas. Hoje, o Estado possui um plantel de 1,5 milhão de cabeças de suínos, dos quais 138 mil são matrizes.